terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Submarinos ao fundo


No mesmo dia em que Ricardo Salgado explicou na TVI para onde tinha ido o dinheiro obtido pela ESCOM na intermediação da compra dos submarinos (um milhão para cada chefe da família Espírito Santo, 16 milhões repartidos entre os três administradores da ESCOM e um consultor da empresa intermediária e seis milhões não se sabe para quem), soube-se que o processo tinha sido arquivado. O que é "notável", tendo em conta que na Alemanha, no âmbito do mesmo processo, houve julgamento e condenações por corrupção. Lá provou-se haver corruptores, cá nem sombra de corrompidos!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Guerra surda


O presidente declarou tréguas, por agora, mas a situação não me parece sustentável por muito tempo. O Sporting ainda não é um verdadeiro candidato ao título? Provavelmente, não. A "culpa" é do treinador? Mais uma vez, provavelmente não. A política de contratações do Sporting para esta época foi completamente errada e teve o aval do presidente. E duvido que se a opinião do treinador tivesse sido levada em linha de conta, as opções de contratação tivessem sido as que foram. Atletas jovens e com valor tinha o Sporting. O que era preciso eram dois ou três bons jogadores, com experiência para dar solidez à equipa. Pois bem, o Sporting, com excepção de Nani, contratou jovens estrangeiros... para a equipa B (ainda alguém se lembra do "mini-Messi" escocês?). Agora, que as coisas não correm de feição, cada um que assuma as suas responsabilidades. Ou então, Bruno de Carvalho, caso saiba, ensine Marco Silva a fazer omeletes sem ovos.

domingo, 28 de dezembro de 2014

(Re)Aparecido em combate


Após um longo interregno para ganhar dinheiro (a vida custa a todos!), Jorge Coelho regressou ao combate político, ainda que na qualidade de militante de base e, sobretudo, como membro permanente do painel do programa Quadratura do Círculo. Ainda me parece um bocado "enferrujado", mas fazer comentário político é como andar de bicicleta. Uma vez aprendido, nunca mais se esquece.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

A Maria concordou?


Um dia destes ainda vamos ler esta notícia neste ou noutro qualquer jornal. E porquê? Pela simples razão de que a Estradas de Portugal informou que em 2015 não haverá aumentos das portagens nas auto-estradas sob a sua responsabilidade. Coisa rara num país em que todos aproveitam, quanto mais não seja, a transição de ano para actualizarem (leia-se aumentarem) os preços dos bens ou serviços que prestam, independentemente de quaisquer outras considerações. A Maria (Luis) concordou?

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

No essencial, de acordo!


"Passos Coelho daria um excelente líder da oposição" (Maria Luís Albuquerque, Dezembro de 2014). Eu quase diria, não podia estar mais de acordo. Só não digo porque "excelente" é um exagero. Assim como enquanto primeiro-ministro, Passos Coelho fez questão de fazer exactamente o contrário do que tinha prometido, nada nos garante que na qualidade de líder da oposição também não faça uma série de promessas rapidamente esquecidas no momento em que (e se) chegar (novamente) ao poder. Contudo, senhora ministra, no essencial estamos de acordo. A situação só não me parece realista porque o PSD, perdendo as próximas legislativas, se encarregará de "calçar um par de patins" a Pedro Passos Coelho. De qualquer forma, a pena dá-lhe um ar garboso!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Profissional, mas pouco!


Se o campeonato português da I Liga de futebol terminasse hoje, quem é que descia de divisão? Os dois últimos classificados, responderiam. Pois bem, errado de acordo com o Regulamento das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional disponível no site da Liga (aqui). Nos termos da alínea 2) do artigo 96 do referido regulamento, lê-se "Descem à II Liga na época desportiva seguinte os clubes classificados em 15º e 16º lugares da tabela classificativa da I Liga".  É uma falha motivada pelo alargamento da I Liga para 18 clubes, dirão. Mais uma vez errado. No mesmo regulamento, pode ler-se na alínea 2) do artigo 94 que "A partir da época desportiva 2014-2015, inclusive, a I Liga será disputada por 18 clubes que se qualifiquem na época anterior e possuam os requisitos legais e regulamentares estabelecidos para participarem nesta competição". É caso para dizer, profissionalismo não é palavra que faça parte do vocabulário de quem gravita à volta do futebol!

domingo, 21 de dezembro de 2014

Erro judiciário


Carlos Cruz, a cumprir seis anos de cadeia no Estabelecimento Prisional da Carregueira (Sintra) por abusos sexuais no âmbito do escândalo de pedofilia da Casa Pia, pediu uma saída precária para ir passar o Natal a casa. Recorde-se, o ex-apresentador de televisão entregou-se na prisão a 3 de Abril de 2013. Em Janeiro do próximo ano cumprirá metade da pena a que foi condenado, podendo a partir daí cumprir o resto da pena em liberdade condicional. Mas, ao que parece, isso só será possível se houver antes, pelo menos, uma saída precária, o que já lhe foi negado por duas vezes. Nunca estive muito convencido de que Carlos Cruz estivesse implicado no escândalo de pedofilia. E quando começaram a vir a público as contradições das "vítimas" e a admissão, por parte de algumas, de que os seus depoimentos eram fábulas, mais me convenci da sua inocência. Na minha opinião, Carlos Cruz foi crucificado por um monumental erro judiciário.

sábado, 20 de dezembro de 2014

O santo milagreiro


Agora que o governo português se preparava para reescrever todos os manuais de Economia, eis que o Banco de Portugal (BdP) resolveu ser um "desmancha-prazeres". O crescimento anual da economia tem sido anémico e, no entanto, a taxa de desemprego não tem parado de descer. Estes dois factos contrariam todas as teorias económicas segundo as quais o aumento líquido de postos de trabalho só acontece com taxas de crescimento iguais ou superiores a 2% ao ano. Pois bem, o BdP veio clarificar este aparente paradoxo. A taxa de desemprego tem descido não à custa da criação de verdadeiros postos de trabalho, mas sim por mérito dos milhares de estágios profissionais que têm sido promovidos. Afinal o santo milagreiro não tem sido Pires de Lima, ministro da Economia, mas sim Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade, Trabalho e Segurança Social.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O pior do ano


O que mais impressiona nos depoimentos das pessoas que têm passado pela comissão de inquérito parlamentar ao caso BES é que ninguém viu, ouviu ou sabia de alguma coisa. E se por mero acaso alguém "tropeçou" em alguma irregularidade, a responsabilidade pela mesma foi doutro, nunca daquele que reconhece o facto. Aparentemente, os buracos surgiram por vontade própria ou por geração espontânea, sem que ninguém tenha feito alguma coisa para isso. Erros de gestão? Nem pensar! Se as coisas deram para o torto, a culpa é da crise, do tempo ou de qualquer outro factor incontrolável. Entretanto, para terminar, Ricardo Salgado foi eleito pela BBC o pior CEO (Chief Executive Officer) do ano.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Anjo da guarda


O Eurogrupo não pára de "chatear", pedindo um maior esforço de consolidação a Portugal? Não há problema, o nosso anjo está aí para nos proteger. A ministra das Finanças, Maria Luis Albuquerque, continua a reiterar que considera realistas as previsões orçamentais do governo e que os repetidos avisos da Comissão Europeia se devem a um "défice de percepção" da CE relativamente ao ritmo das reformas no pós-troika. "O ímpeto reformista do governo não abrandou", repetiu ela pela enésima vez na última reunião do Eurogrupo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O beijo de Judas


Depois de António Costa, também o CDS-PP, pela voz de Paulo Portas, propõe a restauração do feriado 1º de Dezembro. Esta iniciativa foi recebida com estupefacção pelo parceiro de coligação. Não há dúvida, a campanha eleitoral para as próximas legislativas já corre a todo o vapor. Nos próximos dez meses vamos assistir, seguramente, a mais episódios deste género. Umas vezes será o PSD a desempenhar o papel de "donzela traída", outras o CDS-PP. Uma coisa parece inquestionável: A "treta" do aumento da competitividade, que esteve na origem da supressão de quatro feriados, não passava de uma história para enganar pacóvios.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Caça grossa


O ano de 2014 vai ficar nos anais da história da justiça portuguesa muito por acção da Procuradora-Geral da República, Joana Vidal. Acabaram os tiros só aos pardais, chegou a vez da caça grossa. Os exemplos são muitos e mediáticos, pelo que me dispenso enumerá-los. Um contraste absoluto com o seu antecessor no cargo que um dia (talvez para explicar a falta de resultados) disse que tinha os poderes da "Rainha de Inglaterra".

sábado, 13 de dezembro de 2014

Gostos requintados


As gravações do próximo filme de James Bond ainda mal começaram e o filme já anda nas bocas do mundo. A Bond girl será a diva italiana Monica Bellucci. Por outro lado, correu o boato de que Bond abandonaria os desportivos de alta cilindrada para conduzir um Fiat 500. Falso alarme. Em Spectre (será este o nome do novo filme), James Bond conduzirá um Aston Martin DB10 construído especialmente para o efeito. Não há dúvida, pelo menos no que diz respeito aos filmes do 007, a tradição continua a ser o que era. O agente secreto inglês, tanto no que diz respeito a mulheres, como a carros, continua com um gosto absolutamente requintado!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Monsieur Le Mans


Após uma carreira recheada de sucessos, o dinamarquês Tom Kristensen resolveu "pendurar o capacete" aos 47 anos de idade. Para a história fica como o recordista de vitórias nas 24 Horas de Le Mans, nove, seis das quais consecutivas.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sêxtuplos!


Depois do empate entre as duas principais candidaturas à liderança do Bloco de Esquerda (BE), eis que o BE resolveu a questão de uma forma muito "sui generis". Como uma liderança a dois estava a saber a pouco, o BE resolveu que, para os próximos dois anos, a liderança será assegurada por uma comissão permanente de seis (!!!) elementos. Se com a liderança anterior, a dois, as coisas não estavam nada famosas, o que pensar da solução encontrada? Mais do que nunca, a manta de retalhos que é o BE está mais esfrangalhada do que nunca. Há muito que deixou de haver uma voz de comando dentro do partido que imponha respeito. Adivinha-se, a prazo, um desfecho idêntico ao do PRD. Para além disso, João Semedo abandona o cargo de coordenador e Catarina Martins passa a porta-voz oficial do BE. Já agora uma curiosidade, cada membro da comissão permanente vai ter um sexto de peso nas decisões a tomar, ou, apesar de serem todos iguais, haverá uns mais iguais do que os outros?


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Os políticos não são todos iguais


"Nós só alcançamos na vida, com esforço, aquilo que sonhámos e porque nos batemos, se à primeira dificuldade, com medo de perder as eleições, de desagradar seja a quem for, começamos a hesitar, a andar para trás. Então, nesse dia, os portugueses têm razão para pensar que somos todos iguais [os políticos]". "Hoje, eu acho que vale a pena dizer, que não somos todos iguais. Temos feito muito por essa diferença, e se hoje podemos olhar para o futuro com mais esperança, isso também se deve ao facto de termos tido uma estratégia de a termos prosseguido com determinação, sabendo onde queríamos chegar".

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Imparável


De acordo com o Boletim Estatístico de Novembro do Banco de Portugal, a dívida pública na óptica de Maastricht (a que conta para Bruxelas) subiu no terceiro trimestre de 2014, passando dos 129,4% em Junho para os 131,6% no final de Setembro. Não parando de crescer, não se entende (ou não entendo) como se continua a enterrar a cabeça na areia e afirmar que a dívida é sustentável. Sê-lo-à, mas a que custo? Os encargos da dívida sugam toda a riqueza gerada, condenando Portugal a um futuro de miséria.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Sócios não pagantes


De acordo com a revista da FIFA, THE FIFA WEEKLY, o Benfica é o clube do mundo com maior número de sócios, 235.000. Olhando para a situação financeira do clube, das duas uma: Ou as cotas pagas pelos associados são meramente simbólicas ou mais de 90% dos ditos são-no unicamente de nome.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ajudem o ceguinho


À pergunta do Presidente da República (PR), "O que é que andaram a fazer os accionistas da PT?", a Comissão de Trabalhadores da PT respondeu com uma outra pergunta: "O que é que andava a fazer o senhor Presidente da República quando condecorou o presidente executivo da Portugal Telecom, Zeinal Bava, a 10 de Junho de 2014?". Como são muitas perguntas (sem resposta), vou tentar responder à pergunta formulada pela Comissão de Trabalhadores da PT: "Andava a tratar os olhos, como o provam os óculos escuros. Nesse dia, o PR estava com um problema episódico de (falta de) visão, situação que, infelizmente, se tem verificado repetidas vezes".

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Dunga não gosta de Jesus


A 4 de Novembro, Jorge Jesus traçou a seguinte "profecia" a respeito da nova coqueluche do Benfica, Talisca: "Está a aprender e a fazer golos. Não é qualquer um que chega à selecção principal do Brasil. Ele tem ainda muito para penar, mas com o tempo vai lá chegar. Neste momento ainda não tem andamento para isso". Nem de propósito, meia dúzia de dias depois, o seleccionador brasileiro, Dunga, convocou Talisca para a selecção principal canarinha. Moral da história, Dunga não gosta de Jesus!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Olha para o que eu digo, não para o que eu faço


Os editores da agência financeira Bloomberg não estiveram com meias medidas - Jean Claude Juncker deve demitir-se da presidência da Comissão Europeia. Dizem que o luxemburguês "foi sempre uma má escolha para o cargo" e que agora "está a tornar-se claro quão má escolha foi a decisão da sua nomeação". Esta tomada de posição surge na sequência do escândalo em torno dos acordos fiscais celebrados entre o Luxemburgo, governado por executivos liderados por Juncker, e centenas de empresas multinacionais que permitiram a estas últimas reduzir a sua factura fiscal para zero ou perto disso. A já chamada Lux Leaks é uma pedra no sapato de Juncker que não será fácil de descalçar!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Dia da rendição


Houve tempos em que no dia 1 de Dezembro se celebrava a restauração da independência de Portugal. Hoje no dia 1 de Dezembro comemora-se o dia da rendição de Portugal (à troika). Se há data na história de Portugal que possa ser aproveitada para comemorar o dia de Portugal, o 1 de Dezembro é, seguramente, uma das melhores candidatas. Nesse dia, no longínquo ano de 1640, Portugal restaurou a sua independência. É um facto histórico, não uma "fábula" construída pelo Estado Novo para propaganda, como é o caso do dia 10 de Junho, conhecido até Abril de 1974 como dia de Camões, de Portugal e da Raça, actualmente comemorado como dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

domingo, 30 de novembro de 2014

A portuguese horror story


A novela CITIUS, ao que parece, ainda está muito longe do final. Historiando, a ministra da Justiça terá sido informada, no início do ano, que a plataforma CITIUS não estava preparada para o novo mapa judiciário. Ao que parece, a ministra terá feito orelhas moucas e insistiu na entrada em vigor do novo mapa em 1 de Setembro deste ano. A sequência dos acontecimentos é por demais conhecida: Processos "desaparecidos", caos nos tribunais, legislação para suspender a contagem de prazos, etc. E um pedido público de desculpas da ministra. Entretanto, aberto um inquérito para perceber o que tinha corrido mal, dois funcionários da Polícia Judiciária (PJ) foram acusados de sabotagem da plataforma informática e constituídos arguidos. A acusação teve pernas curtas - rapidamente se concluiu que não houve sabotagem absolutamente nenhuma, o que houve, sim, foi um completo autismo do Ministério da Justiça aos inúmeros alertas lançados. Concluindo, hoje parece óbvio que a constituição de arguidos dos dois funcionários da PJ não foi mais do que arranjar bodes expiatórios para o assunto "arrefecer" e a culpa morrer solteira.

sábado, 29 de novembro de 2014

Espírito empreendedor


Atento ao que se passa na União Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) lançou uma nova nota de 500 euros com uma imagem de José Sócrates como marca de água. "Não é todos os dias que um ex-primeiro-ministro de um país da União Europeia é detido por suspeitas de corrupção, burla e branqueamento de capitais", referiu um alto dirigente do BCE que quis manter o anonimato. "Para além disso, a ser verdade o que tem sido publicado, o Engenheiro José Sócrates revelou possuir um espírito empreendedor verdadeiramente notável", concluiu.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Detido


Em declarações ao Diário Económico, João Araújo, advogado de José Sócrates, confirmou que o juiz Carlos Alexandre invocou os motivos fuga, continuação da actividade criminosa e perigo de destruição de provas para decretar a medida de coacção prisão preventiva para o ex-primeiro-ministro. Quanto mais não seja, pelo menos o primeiro motivo invocado, é um disparate completo. Invocar perigo de fuga para alguém que sabendo que iria ser detido mal desembarcasse do avião em território nacional, e mesmo assim embarcou num voo destinado a Lisboa, é um absurdo. Se Sócrates quisesse fugir, embarcaria para destinos seguros, nunca para Lisboa. Por outro lado, Carlos Alexandre ao declarar o processo como sendo de especial complexidade (o que permite alargar todos os prazos, nomeadamente o de prisão preventiva) estará a deixar subentender que afinal as provas e os indícios reunidos até agora não serão tão concludentes quanto isso. O que seria realmente surpreendente. Sócrates, não gozando de nenhum privilégio especial relativamente à lei, também não é um cidadão como qualquer outro. A medida prisão preventiva só faz sentido caso a matéria já apurada seja de extrema gravidade e de uma solidez à prova de bala. Nesta perspectiva não faz sentido declarar o processo como sendo de especial complexidade. À data da detenção, o que haveria de se apurar já estaria tudo (ou praticamente tudo) apurado. Ora, isto é exactamente o contrário do que o que se perspectiva para o futuro de José Sócrates. Resumindo, mesmo não sendo (nem nunca ter sido) admirador de Sócrates, parece-me que toda a encenação à volta deste processo tem mais a ver com motivos políticos do que com a justiça propriamente dita.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Preso 44


"A justiça nada tem a ver com a política e o que eu desejo é viver num país onde essa separação esteja absolutamente ao serviço do Estado de direito ". A frase é de José Sócrates e foi proferida no rescaldo da sua derrota eleitoral em 2011 em resposta a um jornalista que o questionara se receava que sua derrota abrisse caminho a eventuais futuros processos judiciais. Demorou tempo, mas o tempo da justiça é lento e, em Portugal, ainda é mais lento. A propósito, alguém sabe quem foi este jornalista? É que, ainda que fosse para daqui a três anos, se ele adivinhasse a chave do euromilhões...

PS: Há coincidências do arco da velha! A prisão do ex-primeiro-ministro português, e todo o circo mediático à volta do caso, veio mesmo a calhar. Ainda há alguém que se lembre dos casos GES/BES ou vistos gold? Entretanto a eleição de António Costa para líder do PS passou totalmente despercebida, bem como a convenção do Bloco de Esquerda. Nem a pedido o timing poderia ser mais adequado!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Surpresa!


Em declarações recentes, a ministra das Finanças disse que em 2015 poderá haver surpresas. Se há coisa a que este governo nos habituou, surpreender é seguramente uma delas. Todos os anos somos surpreendidos e sempre pelos motivos menos desejáveis. Pelo que, digo eu, surpreender em 2015 seria não haver surpresas. Isso sim, seria uma agradável surpresa!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A padeira do Parlamento


O PSD e o PS decidiram retirar a proposta da reposição das subvenções vitalícias a ex-políticos, que deveria ter sido votada em plenário no Parlamento, depois da bomba "ter estourado" junto da opinião pública. A proposta, aprovada na comissão parlamentar do Orçamento e Finanças, foi apresentada por um deputado do PSD (Couto dos Santos) e outro do PS (José Lello), com cobertura das respectivas lideranças partidárias, e previa a reposição do pagamento de subvenções vitalícias a ex-titulares de cargos políticos (ainda que com um corte adicional de mais 15%). Mas o BE (Mariana Mortágua) pediu a avocação da norma para ser votada em plenário e a partir dai o "caldo entornou-se". Como a questão não era pacífica, para evitar guerras internas, PSD (que já vivia uma autêntica "guerra civil" com os deputados laranjas a serem bombardeados pelo PSD profundo e, mesmo, guerra dentro da própria bancada com vários deputados a considerarem a aprovação da norma uma "vergonha" ou um "erro colossal") e PS deram o dito por não dito e deixaram cair a proposta. Em síntese, com a forma atabalhoada como tudo foi feito (aprovação mais ou menos sigilosa em sede de comissão parlamentar e só abandonada após escândalo público), PSD e PS enterraram um pouco mais a classe política.

domingo, 23 de novembro de 2014

O guião é uma parolice


Recentemente assistimos a uma troca de galhardetes entre Passos Coelho e Paulo Portas acerca da reforma do Estado. O primeiro considera que o segundo falhou o objectivo e o segundo considera que a sua missão foi cumprida e que o resto (tudo, diria eu) é trabalho de cada ministro no respectivo ministério. Mais recentemente Miguel Cadilhe veio deitar mais umas achas para a fogueira. Segundo ele, o "guião da reforma do Estado é uma parolice, uma desconsideração". Convenhamos, o guião apresentado por Portas até para rascunho é insuficiente. Meia dúzia de ideias avulsas sem que por detrás esteja uma verdadeira reflexão acerca das tarefas de um Estado moderno. Sem metas, sem calendário de execução, sem nada de verdadeiramente substancial.

sábado, 22 de novembro de 2014

O padrinho (lá do sítio)


Está a decorrer em Timor-Leste uma operação tipo "mãos limpas" há cerca de três anos a vários ministros do governo timorense por corrupção. Nessa investigação estavam envolvidos magistrados portugueses colocados em Timor-Leste ao abrigo de um programa das Nações Unidas. Pelos vistos a investigação decorria tão bem que Xanana Gusmão, pelo sim, pelo não, decidiu expulsar os magistrados portugueses do território, não vá o Diabo tecê-las e as investigações originarem acusações aos visados.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Os guardiões da austeridade


À semelhança do FMI, também a Comissão Europeia (leia-se, Alemanha) desconfia das contas da proposta de orçamento português para 2015. Não acreditando na estimativa de crescimento inscrita, nem na previsão de arrecadação de receitas fiscais, a Comissão acha que o défice também irá ser superior à previsão do governo português, mais concretamente, 3.3% do PIB. Para além disso, acham que Portugal já não está tão empenhado na continuação das reformas estruturais e no esforço consolidação orçamental. E, pelo menos quanto aos últimos pontos, se calhar têm razão. O próximo ano será ano de eleições e o governo, ao contrário do que Passos Coelho gritou bem alto uns meses atrás ("Que se lixem as eleições!"), ainda não perdeu a esperança de as ganhar. E tanto não as perdeu que a proposta de orçamento aumenta a despesa, aumento esse que, de acordo com o discurso do governo, será compensado pela excepcional arrecadação de receitas fiscais esperada para o próximo ano.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Fado Portas


Ouvido por um juiz, Manuel Palos, ex-director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, admitiu ter agilizado alguns processos para a concessão de vistos gold quando recebia pedidos especiais para o fazer. Estes pedidos vinham tanto de altos funcionários públicos (por exemplo, António Figueiredo, presidente do Instituto de Registos e Notariado), como de "instruções políticas para tudo fazer para dinamizar os vistos gold". Afirmou, igualmente, que sempre o fez a troco de nada. Contactado o gabinete do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, foi-nos garantido que "Instruções deste gabinete, só de como fazer uma boa chanfana de cabrito ou um bom leite-creme queimado, que foi o que Carlos Slim perdeu ao não comparecer ao jantar oferecido pelos senhores vice-primeiro-ministro e ministro da Economia na recente visita ao México".

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A cor do dinheiro


O dinheiro não fala, mas há sempre o risco de alguém "dar com a língua nos dentes". Provavelmente, alguém descontente por achar que também tem direito a uma "fatia do bolo". Vem isto a propósito da investigação em curso à concessão de vistos gold. Esta investigação envolve altos quadros da Administração Pública, entre os quais Manuel Jarmela Palos, director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, o qual, segundo alguma imprensa, recebia 10% de comissão para apressar a concessão dos vistos. Independentemente de esta notícia se vir a confirmar, Manuel Palos já entrou para a história: É o primeiro director da polícia a ser detido.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Bofetada de luva branca


Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, viu-se envolvido em mais um caso de corrupção no seu ministério. Trata-se, desta vez, da investigação da concessão de vistos gold. Entre os detidos, para além de uma sócia sua, há indivíduos das suas relações pessoais. Apesar de ter reafirmado não ter nada a ver com o caso, demitiu-se: “Apesar de não ter qualquer responsabilidade pessoal, no plano político as circunstâncias são de natureza distinta. O ministro da Administração Interna tem de ter sempre uma forte autoridade para o exercício pleno das suas responsabilidades. Essa autoridade ficou diminuída, pelo que tomei a decisão de apresentar ao primeiro-ministro a minha demissão, que foi aceite”. A demissão de Miguel Macedo é uma bofetada de luva branca no governo. Ao fazer a distinção entre responsabilidades pessoais e políticas e, sobretudo, ao colocar a tónica na diminuição de autoridade (caso permanecesse no cargo), Macedo está a indicar, muito claramente, a Nuno Crato e a Paula Teixeira da Cruz o caminho que deveriam ter trilhado aquando do caos da colocação de professores e da entrada em vigor do novo mapa judicial.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Efeito Pinóquio


Já não é a primeira vez (nem, muito provavelmente, será a última) que o FMI faz mea culpa da defesa da austeridade. O que o FMI veio agora dizer é que a mudança em 2010 para a consolidação orçamental foi "prematura" e teve como consequência retomas anémicas e de curta duração na Europa. Mas, convém não esquecer, o FMI é um "animal" estranho, em que a cabeça não comanda o corpo e a perna direita não caminha, conjugadamente, com a esquerda. Ainda a tinta do relatório do IEO (organismo de auditoria criado pelo FMI para avaliação das actividades e políticas do Fundo), responsável pela crítica da orientação seguida, não tinha secado e já a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, fazia distribuir um comunicado em que defendia que "a consolidação orçamental foi a melhor decisão tomada". Entretanto, o FMI puxou as orelhas ao governo português. Considera a subida do salário mínimo "prematura". Para além disso, não acredita nas previsões do governo para 2015 inscritas na proposta de orçamento de Estado. Para os magos de Washington, o défice em 2015 vai deslizar para 3.4% pela simples razão de que o crescimento português será inferior à estimativa do governo.

domingo, 16 de novembro de 2014

All in na GALP


A GALP já fez as contas. Por via da fiscalidade verde e das outras medidas previstas no orçamento, a partir de Janeiro de 2015, o gasóleo vai ficar 5 cêntimos mais caro e a gasolina 6.5 cêntimos. O governo pela voz do ministro do Ambiente já veio desmentir estas contas. Segundo ele o aumento será unicamente de 3.5 euros, 1.5 cêntimos relativo à taxa de carbono e 2 cêntimos relativos à contribuição rodoviária (tanto para a gasolina como para o gasóleo). Alguém está enganado nas contas. Se eu tivesse de apostar em alguém, faria "all in" nas contas da GALP. Se há coisa que este governo nos habituou, "errar" contas é sem dúvida a mais significativa! Entretanto, fora esta guerra dos números, as companhias petrolíferas já estarão a delinear estratégias de marketing para combater a subida dos preços. Aqui deixo uma proposta (imagem acima).

PS-Caso haja alguma companhia interessada, pode utilizar a imagem, livremente, para todos os fins, incluindo os comerciais.

sábado, 15 de novembro de 2014

O mordomo (da Alemanha)


Após ter sido condecorado pelo Presidente da República de Portugal, espera-se que Durão Barroso também venha a ser condecorado pelo governo alemão por relevantes serviços prestados à Alemanha enquanto Presidente da Comissão Europeia. Alinhado, desde sempre, com o discurso alemão, deixou a Europa mergulhar numa recessão sem fim à vista numa obediência cega ao fundamentalismo alemão da austeridade. Nunca ousou levantar a voz contra a Alemanha em defesa dos mais fracos. E nas poucas ocasiões em que fez o discurso do "crescimento", não deixou dúvidas acerca de que lado da barricada estava.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A reabilitação continua


Fernando Santos faz regressar hoje mais um "proscrito". Trata-se de Bosingwa, a jogar actualmente no Trabzonspor (Turquia). Oxalá ele venha animado do mesmo espírito de Ricardo Carvalho e de Tiago e com a garra dos (seus) bons velhos tempos. À semelhança de Ricardo Carvalho e de Tiago, as pernas já não serão as mesmas, mas a experiência e a vontade poderão suprir o que o físico já não permite.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Passe de mágica


Cavaco Silva condecorou Durão Barroso com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, a distinção reservada a chefes de Estado estrangeiros e a pessoas com feitos de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, pelos 10 anos de presidência da Comissão Europeia. Cavaco fez um discurso extremamente elogioso, tendo mesmo afirmado: "Portugal muito beneficiou pelo facto de termos à frente da União Europeia um português, conhecedor da realidade portuguesa, conhecedor do mundo, e com o prestígio de Durão Barroso". De facto os elogios foram tantos que Durão Barroso na hora de responder até admitiu que "foi correcta a decisão que tive de tomar em 2004" (abandonar o governo para ocupar o cargo de Presidente da Comissão Europeia). E desta forma, num verdadeiro passe de mágica, Cavaco branqueou a atitude de Barroso e "abençoou" uma (hipotética) candidatura a Belém. Quanto aos (muitos) benefícios para Portugal, muito sinceramente, "passaram-me ao lado". Barroso, para além de ter contribuído para o desprestígio de instituições portuguesas (por exemplo, críticas ao Tribunal Constitucional durante a vigência do programa de assistência económica), limitou-se a ser o eco da voz da Alemanha. Nunca ouvimos da sua boca a mais leve discordância relativamente ao fundamentalismo alemão no que diz respeito às políticas de austeridade.