quinta-feira, 30 de julho de 2015

Quanto valem os nossos políticos (III)


Maria Luís aprendeu com Vítor Gaspar e, para mal dos nossos pecados, foi uma aluna de A+. À semelhança do seu mestre, ainda não domina muito bem o jogo político. Em muitas ocasiões, por dizer aquilo que pensa, tem causado embaraços à coligação. Contrariamente ao seu antecessor, não fez Paulo Portas engolir uma manada de elefantes (o enorme aumento de impostos) e, agora que estamos em período de férias e véspera de eleições, não parece provável que tal venha a acontecer. Não fez a campanha eleitoral a prometer mundos e fundos, mas, mesmo assim, não paga, sequer, um café.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Contas de cabeça


Já toda a gente percebeu que Rui Rio quer mesmo avançar para a Presidência da República. No entanto, anda há meses a fazer cálculos e a medir apoios. Recentemente deu mais um passo para a candidatura, mas continua a faltar o principal: o anúncio formal. Parece que reserva a sua decisão para Setembro, o que significa colocar o tema presidenciais em cima da mesa em plena campanha eleitoral, o que não será do especial agrado dos partidos da coligação governamental. Ou será que Rio está a apostar (forte) numa vitória do PS? Nesta perspectiva, de acordo com a teoria dos ovos e do cesto, as suas hipóteses de ganhar as presidenciais, muito provavelmente, aumentariam. De qualquer forma, todo este calculismo só contribui para desvalorizar a sua eventual candidatura.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Depois falamos


Agora que falar de reestruturação das dívidas deixou de ser tabu (há até, pasme-se, um consenso alargado acerca da insustentabilidade da dívida grega), ficamos a saber pela boca de Jean-Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, que foram Portugal e Espanha (entre outros) que não aceitaram discutir a questão da dívida grega antes das legislativas que acontecerão nestes dois países ainda este ano. É que a coisa poderia correr mesmo muito mal para quem sempre defendeu "não há alternativa" e "o programa é para cumprir custe o que custar". Imagine-se o que seria a Grécia conseguir um alívio da sua dívida durante a campanha eleitoral para as legislativas. Uma verdadeira catástrofe para os lados da coligação, diria eu!

sábado, 25 de julho de 2015

Un mec intelligent!


Cheio de "tusa" pelo seu recente papel (determinante) para a continuação da Grécia na zona euro, François Hollande apresentou a sua ideia para "relançar a Europa" - a criação de um governo da zona euro com um orçamento comum e um Parlamento específico aberto, unicamente, aos países fundadores da CECA: Alemanha, França, Itália e os países do Benelux (Holanda, Bélgica e Luxemburgo). Se é esta a proposta da França para resolver as crescentes dificuldades geradas pela arquitectura (inacabada) do euro, estamos conversados!

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Fugir a boca para a verdade


Cavaco Silva marcou as eleições legislativas para o próximo dia 4 de Outubro. Com excepção dos partidos da coligação governamental e (eventualmente) do PS, nenhum outro partido terá gostado do discurso presidencial. Com efeito, Cavaco Silva, desta vez, foi um pouco mais longe do que o tradicional apelo ao voto. Desta vez apelou ao voto útil, exigindo um governo "maioritário e consistente",  a exemplo do que acontece um pouco por essa Europa fora. Tantas foram as menções aos países com governos de coligação de dois (ou mais) partidos, que só lhe faltou fugir a boca para a verdade: No dia 4 de Outubro vamos votar, maioritariamente, na coligação PSD-CDS.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O número


Independentemente da natureza do número (verdadeiro ou falso), qualquer economista é capaz de provar tudo e o seu contrário com números. Basta para tal escolher o número certo e a escala adequada ao que pretende provar. Vem isto a propósito da recente declaração de Passos Coelho de que o governo criou 175.000 novos empregos nesta legislatura! Por acaso o número até está errado. Segundos os dados de Maio do INE, o desemprego aumentou duas décimas. Mas não é isso que está em causa. Para chegar a este número, Passos Coelho "esquece" o emprego destruído e parte do ponto mais baixo da série estatística para só contabilizar a partir daí. Sendo certo que há recuperação a partir do primeiro trimestre de 2013, ao contrário do que é habitual (a destruição de empregos corresponder quase integralmente ao aumento de desempregados), a criação de novos empregos a partir de 2013 não explica, sequer, metade da redução do desemprego. Redução da população activa (por emigração e/ou desencorajamento) e as medidas promovidas pelo IEFP (estágios e formação profissional, entre outros) foram mais decisivos nesta espécie de milagre. É que como qualquer economista também sabe, o crescimento do PIB português não é suficiente para gerar uma criação de emprego tão significativa.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Quanto valem os nossos políticos (II)


Assim que se começou a falar numa mulher para a Presidência da República, surgiu o nome de Maria de Belém como possível candidata do PS, a qual, nunca tendo sequer aventado tal hipótese, também não se coloca de fora. E o primeiro sinal de que estará a ponderar avançar como candidata foi dado com a elaboração das listas para as próximas legislativas: Maria de Belém recusou ser cabeça de lista pelo Porto, preferindo ficar como primeira suplente em Lisboa. Se o PS estava com um problema com a candidatura de Sampaio da Nóvoa, caso ela venha a ser candidata, o partido fica com dois problemas. Não admira que, perante este cenário, António Costa pondere a hipótese de o partido não apoiar ninguém na primeira volta das eleições.

terça-feira, 21 de julho de 2015

A cor do dinheiro


A Grécia recebeu o empréstimo intercalar do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira no valor de 7.16 mil milhões de euros. Recebeu, é como quem diz! Entre os pagamentos ao FMI (2.000 milhões de euros) e ao BCE (4.2 mil milhões de euros)... tesos, outra vez. O dinheiro entrou e saiu tão rapidamente que os gregos nem tiveram tempo para perceber de que cor  é que ele era!

segunda-feira, 20 de julho de 2015

D. Quijote de la Grecia (II)


No livro de Cervantes, o protagonista entrega-se à leitura de romances de cavalaria, perde o juízo, e resolve tornar-se um cavaleiro andante. Alexis Tsipras, também deve acreditar em "gambozinos". Tanto julgava saber sobre dívidas soberanas e forma de entalar credores, que acreditou que podia cuspir no prato. Nos "entretantos", quem pagou (e vai continuar a pagar) a pesada factura das alucinações de Tsipras é o povo grego. Ainda que não adiantasse nada, se tivesse um pingo de dignidade, tinha apresentado a demissão.

sábado, 18 de julho de 2015

Sem papa(s) na língua


O Papa da Madeira abdicou. Demasiado "cansado" para ir ocupar o lugar de deputado na Assembleia da República (suspendeu o mandato), resolveu escrever as suas memórias. 40 anos de Presidência do Governo Regional da Madeira deve ser matéria mais do que suficiente para histórias que nunca mais acabam (segundo ele, reuniu 13.000 fotocópias para dar corpo ao seu projecto). Ficamos a aguardar, tanto mais que Jardim promete imprimir uma certa "bilhardice" (isto é, gosto por falar da vida alheia, coscuvilhice, mexeriquice) ao texto. Se o Jardim escritor for fiel ao Jardim político, o sucesso de vendas está assegurado!

PS-Entretanto não descarta a possibilidade de se candidatar às presidenciais do próximo ano. Caso isso venha a acontecer, na hipótese (mais do que remota) de vir a ser eleito, a vida política em Portugal ficará, sem qualquer espécie de dúvida, muito mais animada!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vales zero!


Seis meses a "brincar" às negociações, marcar um referendo quando a Grécia já estava com a corda na garganta, assinar um acordo em que não acredita (palavras suas) e sujeitar o povo grego a algumas semanas de sofrimento inútil, eis o desempenho de Alexis Tsipras enquanto Primeiro-Ministro da Grécia. Se Marcelo Rebelo de Sousa ainda fizesse os seus "Exames" na TSF, Tsipras receberia um zero!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Não menti. Fui enganado!


Para quem não viu, aqui fica o que de mais relevante foi dito por Passos Coelho na recente entrevista à SIC. Em 2011 não menti. Fui enganado! Os números fornecidos pelo governo de então para a elaboração do memorando de entendimento eram falsos e a troika não sabe fazer contas. Ao assumir o poder, rapidamente me apercebi de que o memorando era inexequível. Mas de duas uma: Ou pedia de imediato um novo plano de ajustamento (e nessa eventualidade estaríamos hoje como a Grécia), ou tentávamos, custe o que custar, implementar o programa negociado e assinado pelo governo PS.

PS-Para memória futura, os números foram revistos pelo governo de Passos Coelho mais de meia dúzia de vezes e, mesmo assim, continuaram a não bater certo. Donde, se conclui que, para além de ninguém saber fazer contas, a "receita" estava errada!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Quanto valem os nossos políticos (I)


Comecemos pelo paladino dos contribuintes e dos reformados. Nesta altura, não vale mais do que "vinte paus" e só vale tanto porque no Verão passado estampou no Grande Dicionário da Língua Portuguesa um novo significado para a palavra "irrevogável". Não fora este feito linguístico extraordinário e hoje valeria menos do que zero.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Memória selectiva


Na apresentação do livro de Miguel Relvas, Durão Barroso pediu aos portugueses que olhassem para a Grécia e vissem o que nos poderia ter acontecido. "Esqueceu-se" foi de dizer que foi durante o seu mandato de presidente da Comissão Europeia que foi aprovado o desastroso plano de assistência financeira à Grécia e que foi, igualmente, durante a sua catastrófica gestão que a Europa mergulhou na profunda crise que se vive e que parece não ter fim.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

História interminável


Surgiu um documento, alegadamente originário do Ministério das Finanças da Alemanha, sugerindo como praticamente certa a saída da Grécia da zona euro, ainda que temporariamente. Este documento, divulgado na edição online do jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitunge, pondera dois caminhos: (1) Saída ordenada e temporária (durante 5 anos) da Grécia da zona euro acompanhada de ajuda humanitária e (2) Venda de património do Estado grego num valor de cerca de 50 mil milhões de euros. Como será evidente, a origem do documento, redigido em inglês, não foi assumida por ninguém, assim como não terá sido objecto de qualquer discussão. Ainda que assim seja, é mais um passo em direcção do "Grexit". O que até aqui tinha sido repetidamente formulado (de forma oral e como hipótese meramente académica) por muitos altos responsáveis europeus já passou à forma escrita. O documento, mesmo filho de pais incógnitos, não surgiu por geração espontânea. O caminho está a ser cuidadosamente estudado, como, aliás, o próprio Juncker admitiu há ainda não muitos dias. A Finlândia, país que a par da Alemanha está a ser mais inflexível relativamente às medidas a implementar pela Grécia num eventual terceiro resgate, parece até estar um passo à frente neste capítulo. O seu Ministro das Finanças está mandatado para negociar a saída da Grécia!

sábado, 11 de julho de 2015

Adiar o problema


Schäuble e Merkel recusam um "perdão", mas ponderam a possibilidade de "reestruturação da dívida grega" que o FMI considera ser "insustentável". Bundesbank diz que BCE não deve conceder mais liquidez de urgência. O acordo é inevitável, digo eu. Ninguém parece estar com grande vontade de experimentar a saída da zona euro da Grécia. O acordo, como disse, inevitável, não passará de uma escolha entre o mau e o péssimo que não vai resolver o problema de fundo da Grécia. Caso nada seja alterado, daqui a mais ou menos tempo (mais menos do que mais, acho eu), a zona euro será confrontada com uma nova situação em tudo idêntica à actual. Quanto ao acordo, não passará de uma mera questão de retórica, destinada a consumo interno, que permita a ambas as partes "salvar a face".

sexta-feira, 10 de julho de 2015

A marcar passo


O PS surge, novamente, em primeiro lugar nas intenções de voto dos portugueses, ainda que com uma pequena diferença (4.9 pontos percentuais, 37.6% e 32.7%, respectivamente) sobre a coligação PSD/ CDS) na última sondagem da Intercampus para o Público, TVI e TSF. Ainda que os resultados das sondagens se estejam a revelar pouco fiáveis (ver Inglaterra e Grécia, para só citar os últimos casos), francamente, nesta altura do campeonato, para acalentar uma vitória por maioria absoluta, o PS teria de estar a "valer muito mais do que 500 paus". Afinal o problema talvez não fosse António José Seguro, o qual, deverá estar a achar imensa piada a este marcar passo do PS.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Dono... mas pouco!


Para quem pensava que os 51% de capital da TAP de Humberto Pedrosa era para "inglês ver" (leia-se, contornar as apertadas leis europeias), tinha razão. Ficamos a saber há poucos dias que Neeleman, sócio minoritário, "entra" com 214 milhões e Humberto Pedrosa, o sócio maioritário, e suposto dono da TAP, unicamente com 12 milhões. Está-se mesmo a ver quem é que efectivamente vai controlar a companhia! Serão as entidades europeias ceguinhas, ou, mesmo percebendo o xico espertismo da manobra, vão fechar convenientemente os olhos?

quarta-feira, 8 de julho de 2015

I owe you


"Se necessário, emitiremos liquidez paralela e IOU (I Owe You ou notas promissórias), como fez a Califórnia em 2008, em formato electrónico. Já o deveriamos ter feito há uma semana", disse Varoufakis ao jornal inglês The Telegraph. Essas notas promissórias temporárias podem servir para pagar salários e pensões. Ao The Telegraph "Varoufakis insiste que não se trata de um prelúdio à saída da Grécia (Grexit), mas uma acção legal no âmbito da santidade inviolável da união monetária". Se pagar salários e pensões com os tais IOU, o Tesouro grego poderá ficar com uma folga importante (euros reais) para pagar aos credores externos. O pagamento mais decisivo que aparece no horizonte é ao BCE, 3.5 mil milhões de euros a 20 de Julho. É também uma forma de ganhar tempo. Entretanto, há relatos (via The Wall Street Jornal e algumas televisões gregas) de que essa frase de Varoufakis terá precipitado ou tornado mais claro que o economista não poderia continuar como ministro e a negociar com os credores do Eurogrupo e da troika.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Na melhor tradição da mitologia grega


Quem julgou que a Grécia era um país de joelhos, enganou-se redundamente. Insensíveis à chantagem dos credores, os gregos votaram massivamente não e o discurso "caso ganhe o não a Grécia sairá da zona euro" já evoluiu para "vamos continuar a negociar". O governo grego saiu legitimado da consulta popular, mas a situação mantém-se crítica.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Igual ao litro


Questionado sobre uma eventual saída da Grécia da zona euro, Cavaco Silva respondeu sai um, ficam dezoito, como quem diz, isso é igual ao litro. Para o homem que mede o alcance de qualquer palavra ao milímetro e que afirma que um presidente tem de ter especial cuidado com tudo quanto diz, a resposta foi espantosa. Enfim, mais uma excelente ocasião (perdida) para estar calado!

sábado, 4 de julho de 2015

Se fosses grego...


Por estes dias temos ouvido com alguma frequência, se fosses grego votarias... As últimas sondagens indicam um empate entre o sim e o não. Estou convencido que metade dos eleitores gregos não entende a pergunta e a outra metade não percebe o que está em causa. Muito provavelmente, tirando algumas tomadas de posição individuais, nem o próprio governo já decidiu o que irá fazer no dia seguinte. Contudo, na minha opinião, numa coisa tem razão: Discutir uma extensão do segundo resgate ou um eventual terceiro resgate sem colocar em cima da mesa o problema da dívida grega, não faz sentido nem resolve nada. Daqui a uns tempos (meses, anos (poucos)...) a zona euro será confrontada novamente com a mesma situação. Houve uma altura em que julguei que a ideia de convocar o referendo tinha sido uma jogada de mestre. Hoje já não estou tão convencido disso.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A arte de bem privatizar


As privatizações da EDP e da REN foram, nas palavras do governo, dois sucessos colossais, dois exemplos da arte de bem privatizar. Pois bem, para o Tribunal de Contas (TC), a história não é bem essa. De acordo com uma auditoria às referidas privatizações divulgada recentemente, para além da falta de transparência e ocultação de informação, que são um denominador comum de toda e qualquer privatização (veja-se o caso mais recente, a privatização da TAP), entre outras coisas, o TC detectou que o governo português não salvaguardou o interesse nacional e que, caso os compradores (actuais donos) resolvam "roer a corda" (leia-se, não cumprir o caderno de encargos), Portugal "agarra-se aos canos" (leia-se, não tem forma de o fazer cumprir), pois os contratos são omissos relativamente a esse aspecto.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O futuro mora aqui


Ainda não foi desta que Portugal conseguiu melhor do que ser o primeiro dos últimos. Depois de uma meia-final de sonho, goleada  estrondosa (e humilhante) à Alemanha, o céu parecia o limite. Mas os suecos não estiveram pelos ajustes e entraram em campo com a lição bem estudada. E de pouco servem os prémios de consolação, maior número de jogadores no onze ideal (José Sá, Raphael Guerreiro, William Carvalho, Bernardo Silva e Ivan Cavaleiro) e melhor jogador do torneio (William Carvalho). Como alguém disse um dia, temos de deixar de ser os melhores e passarmos a ser os primeiros. Contudo, apesar da desilusão, os jogadores portugueses mostraram que o futuro mora ali. Assim os respectivos clubes o permitam!

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Ditado velho


Bem pode a senhora Lagarde desvalorizar o referendo grego ao afirmar, com todas as letras, que os gregos vão-se pronunciar sobre uma proposta que já não está em cima da mesa. Certo, certo é que ela nunca imaginou, nem nos seus piores pesadelos, que o governo grego tinha uns tomates do tamanho da Europa. O ditado é velho, "quem tudo quer, tudo perde".