quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Roubo descarado


O preço do petróleo tem estado em queda livre, situando-se o barril do Brent a níveis de 2003. Aliás, por incrível que pareça, actualmente o preço de cada barril de aço (para transporte do petróleo) é cerca de três vezes mais caro do que os 160 litros de petróleo que ele contém! Ainda que a descida dos preços dos combustíveis não tenha acompanhado, nem de perto, nem de longe, a descida do preço do petróleo, como será evidente, o Estado tem vindo a perder receitas fiscais. E como é que o governo resolveu contornar a situação? Aumentando o ISP (Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos), o que originará subidas médias de  5 e 4 cêntimos por litro (respectivamente, gasolina e gasóleo). Para António Costa, Mário Centeno e companhia, o ISP que pagamos actualmente ainda é baixo, 62.1 cêntimos em cada euro de gasolina e 40.6 cêntimos em cada euro de gasóleo! Para além da subida do preço dos combustíveis, o aumento do ISP tem um outro efeito que não pode ser ignorado. Ao aumentar a componente fixa (impostos) sobre os combustíveis, as variações das cotações internacionais dos produtos petrolíferos refinados passarão a ter uma expressão cada vez mais reduzida no preço de venda ao público da gasolina e do gasóleo. Por outras palavras, mesmo que o petróleo venha a ser dado, estamos condenados a pagar os combustíveis aos preços que pagamos actualmente!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Presidenciais 2016 (VI)


Outro grande resultado na eleição presidencial de domingo passado foi o de Vitorino Silva, vulgo Tino de Rans. Acabar a noite com uns gloriosos 3.29%, a morder os calcanhares a Edgar Silva, que não chegou aos 4% (teve 3.95%), é um resultado que Tino, muito provavelmente, nunca sonhou nem nos seus maiores delírios. Na minha opinião, indiscutivelmente, um dos vencedores da noite. Nas suas palavras, não entrou na Liga Europa, mas ficou muito próximo.

Presidenciais 2016 (V)


Aparentemente, tanto o Bloco de Esquerda como o Partido Comunista Português, estavam convencidos de que a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa ganharia, de qualquer forma, à primeira volta. Daí terem mantido as respectivas candidaturas até ao fim. Estou convencido que, se em algum momento, acalentassem a esperança de que Sampaio da Nóvoa ou Maria de Belém forçassem uma eventual segunda volta, teriam desistido à boca das urnas, apelando ao voto dos seus eleitores nessa candidatura. Contudo, os resultados das duas candidaturas foram completamente diferentes. Enquanto Marisa teve uma votação excelente (histórica, mesmo, para o BE em presidenciais), o PCP (Edgar Silva), para além de uma votação quase residual para os padrões comunistas (aparentemente, nem o seu eleitorado tradicional conseguiu fidelizar), averbou, em poucos meses, uma segunda derrota face ao BE, o que, segundo alguns comentadores, poderá complicar a vida ao governo de António Costa caso o PCP seja tentado a vir para a rua tentar ganhar o que tem andado a perder nas urnas.

Presidenciais 2016 (IV)


A melhor aliada de Marcelo Rebelo de Sousa. Ao lançar a sua candidatura, apoiada pelos sectores do PS que não de reviam nos acordos de governo à esquerda, tirou o tapete à candidatura de Sampaio da Nóvoa que, à data, acalentaria esperanças de obter o apoio oficial do Partido Socialista. O resto da história é conhecido. O PS, confrontado com a situação de duas candidaturas da sua área, optou pela solução mais fácil: Liberdade de voto na primeira volta e apoio oficial ao candidato que passasse à segunda volta. Só que a vantagem de Marcelo Rebelo de Sousa era demasiada para uma eventual segunda volta! Para agravar a situação, caiu no domínio público, nos últimos dias da campanha eleitoral, que Maria de Belém tinha sido uma das deputadas subscritoras do pedido de fiscalização, ao Tribunal Constitucional, da alteração da norma legal relativa às subvenções vitalícias dos detentores de cargos políticos. Um autêntico pântano do qual não conseguiu sair. Em síntese, uma candidatura cujo lançamento nunca foi claramente explicado, uma campanha eleitoral errática, um resultado humilhante. A avaliar pelos números finais, Maria sim, mas de (quase) ninguém!

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

X-Files


Estreia hoje em Portugal a nova temporada da série de culto X-Files. Para os fãs da série, um alerta. As críticas da imprensa internacional não são nada favoráveis. "Oportunidade perdida" ou "Uma hora de desilusão", eis o tom (generalizado) das críticas. Contudo, elas foram escritas a partir da visualização de um único episódio (o primeiro), pelo que, para os fãs da série, não percam a esperança!

Presidenciais 2016 (III)


A tarefa de Sampaio da Nóvoa adivinhava-se, desde o início, difícil e tornou-se praticamente impossível com o lançamento da candidatura de Maria de Belém. Ao dividir o eleitorado socialista em dois, entregou de mão beijada o cargo a Marcelo Rebelo de Sousa. Só uma fortíssima abstenção que penalizasse, sobretudo, o universo de eleitores Marcelo Rebelo de Sousa é que lhe permitiria acalentar esperanças de uma segunda volta. O que não aconteceu.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Presidenciais 2016 (II)


Mais um case study para os cursos de Ciências Políticas. Como ganhar umas eleições presidenciais sem cartazes, bandeiras, caravanas ou apoio de máquinas partidárias, ou, nas palavras de Pedro Rebelo de Sousa, irmão de Marcelo, fazendo uma campanha com "um táxi e uma marmita". É verdade que Marcelo beneficiou de condições quase únicas. Dono de um perfil mediático imbatível e uma notoriedade estratosférica, beneficiou, ainda, da fragmentação de candidaturas à esquerda e de um PS entalado entre duas candidaturas da sua área política. O que, diga-se, não retira nenhum mérito à sua vitória. Tendo andado só, não ficou refém de nada nem de ninguém e conseguiu uma vitória pessoal como antes nunca se tinha visto em eleições presidenciais. Não sei se será inédito, mas Marcelo Rebelo de Sousa foi o candidato mais votado em todos os distritos do país!

Presidenciais 2016 (I)


domingo, 24 de janeiro de 2016

Street art


Vamos resolver hoje!


A lei portuguesa proíbe que em dia de eleições se escreva e se publique apelos directos ao voto num determinado partido ou candidato. Sendo assim, estou a infringir a lei. Contudo, mesmo assim, decidi publicar. Esta lei não faz sentido numa democracia consolidada como a nossa. Naturalmente, em dia de eleições, o grande tema das conversas são as próprias eleições. Logo parece estúpido proibir-se falar ou escrever sobre o tema que toda a gente fala!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Ascensão Cristas


É oficial, Assunção Cristas é candidata à liderança do CDS e, ao que parece, o partido parece disposto a cair-lhe aos pés. Nuno Melo não se assumiu como candidato e declarou apoiar Cristas. Os outros (possíveis) candidatos devem ter ficado sem espaço de manobra. Chegada à política pela mão de Paulo Portas, há pouco mais do que seis anos, a ascensão de Cristas, no partido e nos corredores do poder, tem sido meteórica.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Desta vez, (ir)revogável ou irrevogável?


Paulo Portas apresta-se para deixar a liderança do CDS-PP ao fim de mais de 15 anos de liderança do partido. Já passou por tudo, nas suas palavras, "Sei o que é ganhar, ganhando, sei o que é perder, perdendo, fiquei a saber o que é perder, ganhando". E terá sido esta última descoberta que o levou a decidir-se pelo "bater com a porta". Perguntarão, esta decisão é (ir)revogável ou irrevogável? Imaginemos que, desta vez, é (mesmo) irrevogável. Quem se seguirá na linha de sucessão? Assunção Cristas já mostrou disponibilidade, mas, ao que parece, só avançará se Nuno Melo não avançar. Este, por sua vez, desde há muito tempo visto como número 2, tem contra si a desvantagem de "estar longe". Por outro lado, parece não ter muita vontade em trocar Bruxelas pelo Largo Adelino Amaro da Costa (Lisboa). Quanto a outros eventuais candidatos, João Almeida já disse que não. Quanto a Pedro Mota Soares, o homem deve andar algo desanimado agora que se viu obrigado a trocar o Audi pela mota de sempre. Para além disso, apesar de já ter sido quase tudo, não parece ter grande estofo para líder. Para além destes, caso se torne necessária uma terceira via, outros nomes poderão aparecer como, por exemplo, Nuno Magalhães ou Diogo Feio.

sábado, 9 de janeiro de 2016

O princípio do fim?


Assim parecia, mas nem sempre o que parece é. Nicolas Maduro anunciou a criação de uma assembleia paralela, com poderes idênticos aos do parlamento venezuelano (o Parlamento Comunitário), à qual prometeu dar todo o poder. O poder popular é um conceito introduzido pelo chavismo, sem suporte constitucional, mas é regulado por lei e possui um ministério. Define-se pelo "exercício pleno da soberania por parte do povo" e, portanto, o Parlamento Comunitário passaria a ser o órgão que o representa. Enfim, uma maneira "engenhosa" de dar um golpe de Estado. Passos e Portas estarão, certamente, roídos de inveja por não terem pensado numa saída idêntica!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O toque de Midas


Depois do negócio do Benfica com a NOS, eis a resposta do FC Porto com a PT: 457.500 milhões de euros, igualmente por 10 anos. O negócio inclui a transmissão dos jogos do FC Porto no Dragão a partir de 1 de Julho de 2018, o patrocínio (principal) do equipamento desportivo do clube e a cedência do direito de transmissão do Porto Canal. Quem julgava que Pinto da Costa tinha perdido o toque de Midas, mais uma vez, terá de engolir em seco!

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Mundo mais triste


Depois da Playboy ter anunciado a Série II para o primeiro trimestre deste ano (traduzindo, a Playboy vai deixar de publicar fotos de mulheres despidas), a empresa alemã de comunicação social Bauer Media anunciou a suspensão da FHM. Não haja dúvidas, vivemos num mundo cada vez mais triste e isso não acontece só por causa do drama dos refugiados ou dos atentados terroristas!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Novidades, nem no Continente!


No último discurso de Ano Novo dirigido ao país por Cavaco Silva na qualidade de Presidente da República, apenas uma novidade: O facto de ter sido o último. Quanto ao resto, o grande chefe Orelhas Moucas limitou-se aos avisos ("O tempo é de incerteza") e aos apelos ("Portugal tem o dever de acolher aqueles que nos procuram para se integrarem na nossa sociedade") generalistas do costume. "Temos o dever de defender o modelo político, económico e social que, ao longo de décadas, nos trouxe paz, desenvolvimento e justiça", afirmou Cavaco Silva a determinada altura do seu discurso. Não sei a que justiça é que ele se referia, tendo em conta o que tem acontecido, por exemplo, na banca portuguesa. Os lucros são distribuídos pelos accionistas, os prejuízos pelos contribuintes! Mas a grande ironia que fica para a História é que os 10 anos da presidência de Cavaco Silva coincidiram com a decadência, o endividamento, o pedido de assistência internacional, a estagnação, o desemprego e a emigração.