sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Crise de azia


De acordo com uma fonte oficial da Presidência da República, a demora do Presidente em "indicar" António Costa para primeiro-ministro não se deveu a nenhum preconceito do Presidente relativamente ao BE ou ao PCP, ou desconfiança relativamente à solidez dos acordos assinados, mas sim a uma crise aguda de azia de Cavaco Silva. Aliás, como se pode observar pela fotografia acima, tirada na cerimónia de posse do XXI Governo Constitucional, ontem dia 26 de Novembro, o Presidente ainda não está totalmente recuperado. Que a solução encontrada por António Costa não merece a mínima concordância do Presidente, não há qualquer dúvida. Aliás Cavaco Silva deixou isso bem claro no discurso que fez ao referir que o único poder que o Presidente não pode exercer nesta altura é o de dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições, deixando subentendido que pode muito bem demitir este governo e dar posse a um outro respeitando a actual composição do Parlamento.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Conformado, assarapantado ou furioso?


O primeiro-ministro está "incomodado", a ministra das Finanças "incrédula", o vice-primeiro-ministro "mudo". Tudo a propósito do "misterioso" desaparecimento da devolução da sobretaxa de IRS. E nós como é que ficamos? Conformados, assarapantados ou furiosos? A maioria, seguramente, conformada. Munca duvidou de que a propaganda do governo não passava de treta eleitoral para ganhar votos. Os restantes assarapantados ou furiosos, dependendo do grau de credibilidade atribuído à palavra do governo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Privatizar lucros, nacionalizar prejuízos


A recente venda da TAP é (mais) um exemplo de como em Portugal se privatiza o lucro e se nacionaliza o prejuízo. De acordo com o semanário Expresso, o risco de a dívida da TAP não ser paga aos bancos ficou do lado do Estado. Em teoria, a dívida da TAP (cerca de 770 milhões de euros) é agora dos novos donos da empresa. Se tudo correr bem, não haverá problemas. Se correr mal, a dívida volta à esfera pública. Em Portugal costuma dizer-se "quem come a carne que chupe os ossos", mas parece que não é bem assim, ou, pelo menos, não é assim em todas as situações.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Chuchar no dedo


Recordando, ainda poucos dias antes das eleições do passado dia 4 de Outubro, as previsões de devolução da sobretaxa de IRS iam de vento em popa, prevendo o governo a devolução, em 2016, de 35% do valor pago este ano. E com perspectivas de melhorar ainda mais. Mal passou o dia 4 de Outubro, sem que nada de extraordinário tivesse acontecido, a percentagem de devolução caiu, subitamente, para pouco mais de 9%. Agora, novo tombo para... 0%!!! Resultado, a ministra ainda aproveitou o sorvete (o tempo estava quente e convidativo aquando da teoria do oásis pré-eleitoral) e a coligação PSD/CDS uns votitos de alguns crentes. Quanto a nós, ficamos a chuchar no dedo!

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PSD reagindo à indigitação de António Costa para primeiro-ministro. O vocabulário utilizado não será o politicamente correcto, mas expressa, veementemente, o estado de alma dos social-democratas. Continuam a achar que a manobra do líder socialista não passa de uma nova variante de golpe de Estado.

O acordo final


Afinal o que Cavaco Silva queria de António Costa é que o PS se responsabilize por tudo quanto não está explicitamente previsto nos acordos. Não exige novos textos, nem sequer as assinaturas de Catarina Martins ou de Jerónimo de Sousa. Situação que António Costa resolveu rapidamente, acrescentando uma única frase aos textos (a vermelho no pergaminho acima). Cumprido o desejo do Presidente da República, espera-se, agora, que convide rapidamente António Costa a formar governo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Não há duas sem três


Quem diria que o Benfica de Rui Derrota (perdão, Vitória) não consegue ganhar um jogo ao Sporting de Jorge Jesus? Desde o início da época, três jogos, outras tantas vitórias do Sporting. O próprio Jorge Jesus admite "Nunca pensei jogar contra o bicampeão e ganhar três vezes". E não me parece que a culpa seja das arbitragens. Neste último jogo se o Benfica se pode queixar de um penalti não assinalado sobre Luisão, o mesmo dirá o Sporting em lance protagonizado por Slimani. Portanto, no que toca a erros da arbitragem, foram os dois igualmente beneficiados e prejudicados.

sábado, 21 de novembro de 2015

Um ponto que faz toda a diferença


Fez ontem 30 anos que foi apresentado ao mundo aquele que se viria a tornar no sistema operativo mais conhecido e mais usado no planeta. Tratava-se do Windows 1.0 com um novo ambiente gráfico, janelas e aplicações. Os requisitos de sistema eram 2 disquetes, 256 kilobytes de memória e uma placa gráfica! Para os mais exigentes, que pretendiam correr mais do que uma aplicação em simultâneo, era necessário um pouco mais de espaço, 512 kilobytes. Olhando para o que separa o Windows 1.0 do Windows 10, não haja dúvidas, em termos informáticos, há 30 anos a humanidade estava na Idade da Pedra.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Um mau começo


Todos estarão lembrados da treta propagandeada pelo governo acerca da resolução do BES. Desta vez, os contribuintes não seriam chamados a colocar um cêntimo que fosse na solução encontrada. Dividia-se o BES em dois, um banco bom e outro mau, e tudo o que fosse bom passava para o Novo Banco. O resto, ainda que só cheirasse ligeiramente mal, ficava no banco mau (o BES). Depois seria uma questão de tempo (pouco) até que surgisse comprador e, na hipótese (mais do que) remota de o valor da venda não cobrir o dinheiro emprestado pelo Estado (nós), quem pagaria a diferença seria a banca. Pois bem, o tempo encarregou-se de corrigir a fábula governamental. Para começar, o Novo Banco ainda não foi vendido. As ofertas, escassas, eram a preço de saldo e o negócio foi por água abaixo. Na altura não se percebeu como o banco valia tão pouco. Agora sim. O BCE diz que o Novo Banco precisa de ser recapitilizado em cerca de 1500 milhões de euros, o que prova que os hipotéticos compradores perceberam que o (suposto) negócio da China era um buraco sem fundo... mesmo para chineses! Está a ficar cada vez mais evidente que vai sobrar (forte) para nós!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Paciência para totós


O processo de consultas do Presidente da República para resolução da actual crise política ainda poderá demorar algum tempo. Depois dos banqueiros, seguem-se os economistas, partidos políticos e, quem sabe, o Conselho de Estado. Se decidir consultar, também, o seus animais de estimação (um cão e um gato), o processo ainda atrasará um pouco mais. Convenhamos, para quem tinha tudo estudado e já sabia o que fazer, está tudo muito demorado. Mas não há problema. De acordo com o Presidente estamos de cofres cheios, pelo que não há motivos para alarme. Para os mais impacientes, Cavaco Silva aconselha a leitura do seu último livro cuja capa reproduzimos acima.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Gato escondido (ainda) sem rabo de fora?



A vontade de PSD e do CDS em continuar a governar é tão grande que Passos Coelho, em desespero de causa, até propôs uma revisão constitucional extraordinária para eliminar a norma que proíbe a dissolução da Assembleia da República nos 6 meses iniciais de mandato. Até parece que o actual governo tem algo a esconder! Verdade seja dita, se for esse o caso, não seria situação inédita. Em Portugal já estamos habituados a que o governo seguinte descubra uma série de buracos (orçamentais) escondidos pelo anterior! De qualquer forma, PSD e CDS estavam à espera de quê? Durante 4 anos ignoraram, arrogantemente, todas as outras forças partidárias, nomeadamente o PS. Agora estão a experimentar o sabor do seu próprio veneno.

PS-Isto mudar tudo quando a situação não agrada é típico das ditaduras (travestidas de democracias) terceiro mundistas. Nesses países é que vai-se mudando a Constituição ao sabor das conveniências do momento por forma a que os (queridos) líderes se eternizem no poder.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Vontadinha,... nenhuma!


É por demais evidente que Cavaco Silva não tem vontade nenhuma de resolver a crise política instalada com a queda do XX Governo Constitucional (leia-se, resolver a crise política com a actual composição da Assembleia da República). Por muito menos fechou-se em Belém no passado dia 5 de Outubro para reflectir acerca dos resultados das eleições do dia anterior, faltando às comemorações da implantação da República. Daí ter ido para a Madeira. O que seria desnecessário era fazer os comentários que fez. “Eu estive cinco meses em gestão, eu como primeiro-ministro de um Governo, estive cinco meses em gestão”, afirmou Cavaco aos jornalistas. Questionado se não considera urgente que decida sobre a crise política, o chefe de Estado recomendou que se verifique o que aconteceu em casos anteriores: “Vá ver nos dois casos de crises anteriores que aconteceram, um foi em 1987 e um em 2009 (sic), quantos dias esteve o Governo em gestão, o que é que fez o Presidente da República de então e quais foram as medidas importantes que esse Governo de gestão teve que tomar”, respondeu Cavaco.

PS- Já agora, não foi 2009, mas sim 2004 e o governo em causa era o do PSD/CDS-PP liderado por Pedro Santana Lopes.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Escrito na pedra ou preso por arames?


Os acordos celebrados por António Costa com os partidos à esquerda do PS não terão ficado gravados na pedra, mas também não estarão (tão) presos por arames como muita gente pretende fazer crer. Contudo, mesmo que assim seja, não há alternativa. Passos e Portas já afirmaram que não ficarão em gestão e um governo de iniciativa presidencial cairia no exacto momento em que pisasse a Assembleia da República. Mas há um ponto em que os críticos têm razão. António Costa ao celebrar três acordos em vez de um com todos os partidos fragiliza a sua posição e a de um futuro governo de esquerda. Por outro lado, ao constituir um governo minoritário PS, António Costa (e o PS) estão a assumir todos os riscos. Caso corra mal, serão eles a pagar as favas. De qualquer forma, a breve trecho poderemos dissipar dúvidas acerca da fragilidade dos acordos celebrados. Já há matérias agendadas para discussão na Assembleia da República suficientes para isso.

sábado, 14 de novembro de 2015

Mulher nua


Parece mais uma fotografia de Outono, muros de pedra, o portão de metal e uma série de folhas acastanhadas a pintar o chão verde. Com uma diferença, nesta foto há uma mulher nua escondida na paisagem.  A foto foi criada por Jörg Dusterwald, um artista de 49 anos que se dedica ao body painting, que escolheu o corpo de Nadine Tschiponnique para se fundir com uma paisagem na Baixa Saxónica, na Alemanha.


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Nado-morto


16.180 minutos, ou, dito de outra forma, 11 dias, 5 horas e 40 minutos, foi o tempo de vida do XX Governo Constitucional. E agora? Para já (e próximos dias) nada! O Presidente da República resolveu ir passar uns dias à Madeira. Afinal, parafraseando um antigo líder socialista, qual a pressa?

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Vitória amarga


"Ganhei ou perdi? No dia 4 de Outubro fui o mais votado, logo ganhei as eleições. Por outro lado, não sendo primeiro-ministro, perdi!", pensava Passos Coelho após a rejeição do seu governo pela maioria dos deputados da Assembleia da República. A explicação de toda esta trapalhada reside numa das (célebres) leis de Murphy, a qual postula que "Seja qual for o resultado, haverá sempre alguém para: a) Interpretá-lo mal, b) Falsificá-lo e c) Dizer que já o tinha previsto no seu último relatório". Passos e Portas interpretaram mal os resultados das eleições e falsificaram-nos ao afirmar que seriam os únicos com legitimidade moral para governar. Resta aguardar por Cavaco Silva para percebermos se ele tinha, mesmo, todos os cenários possíveis estudados.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

?#@*&%!$


Revelamos, em rigoroso exclusivo, o exacto momento em que Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, soube que teria de dar posse a um governo minoritário PS, viabilizado, parlamentarmente, pelo BE, PCP e PEV. Consta que os visados ficaram com as orelhas a arder.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O buraco


De acordo com fontes governamentais, eis o buraco em que as esquerdas se preparam para lançar Portugal (após o derrube do actual governo). O aumento da despesa é certo, o aumento da receita depende das "folhas de Excel": As contas batem todas muito certinho, mas não passam de cenários. Felizmente, estamos habituados, em Portugal, a que a realidade teime em não acertar com os cenários. E o cenário do PS, fruto dos compromissos estabelecidos com os partidos à sua esquerda, já estará completamente descaracterizado. Algumas das suas medidas mais emblemáticas já "foram pelo cano". Mas não há motivos para preocupação. A equipa do Professor Mário Centeno, seguramente, refará as folhas de Excel por forma a que as contas continuem certas!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Alhos e bogalhos


Não assisti à cerimónia da tomada de posse do novo governo. Estava a trabalhar (alguém tem de trabalhar neste país!). Partindo do princípio que o mesmo terá acontecido a muitos outros portugueses, aqui deixo, na íntegra, o discurso que o Presidente da República fez na referida cerimónia.  

"Portugueses, acabei de dar posse àquele que ficará, certamente, conhecido como o governo mais curto da história da democracia portuguesa. Fi-lo na firme convicção de estar a servir os mais altos desígnios do superior interesse nacional. Bem vistas as coisas, também não me restava outra alternativa. A suposta aliança de esquerda, cujo acordo li, por mais de uma vez, estar fechado, ainda não fez prova, inequívoca, de vida. Continuo à espera que me sejam apresentados os seus termos, mesmo sendo céptico relativamente ao resultado da soma de alhos com bogalhos. Contudo, seguindo os conselhos do Papa Francisco, que teve a amabilidade de me receber na minha recente viagem a Itália, vou esperar e, sobretudo, manter a mente aberta a essa possível solução. Em relação ao governo agora empossado, confesso, fiquei um pouco desiludido com a sua composição. Durante dias alimentei a expectativa de a sua composição ser outra, formado por pessoas de inegável peso político, abertas ao diálogo e a consensos alargados. Aparentemente, tais pessoas não existem, ou, existindo, recusaram os convites. Assumindo como mais provável a segunda hipótese, compreendo que, não podendo marcar férias nesta altura do ano, não se despeçam para daqui a poucos dias estarem a bater à porta dos Centros de Emprego a requerer subsídio de desemprego! Voltando à questão da composição do governo, sendo formado, praticamente, pelas mesmas pessoas, não me parece especialmente vocacionado para o diálogo, tanto mais que, durante os últimos anos, habituou-se a fazer, apenas, o que muito bem lhe apetecia sem dar cavaco às outras forças partidárias com assento parlamentar. Por último, cheguei a ponderar marcar a tomada de posse para o dia dos defuntos, tão breve é a esperança de vida deste executivo, mas achei que o ar de velório da cerimónia de tomada de posse já seria mais do que suficiente".