Fim da linha

Como em tudo na vida, o tempo deste blogue (casimirogomes.blogspot.com) esgotou-se. A todos quantos, com maior ou menor regularidade, o visitaram, os meus agradecimentos. Todavia, o anúncio desta "morte" não significa o fim das minhas aventuras na blogosfera. A partir de amanhã, dia 1 de Maio, à mesma hora, caso assim o entendam, podem continuar a segui-las em segundofolego.blogspot.com. O espírito será o mesmo. Fica prometido!

Banco mau

O que pensar da proposta de António Costa em criar um banco mau que fique com todo o crédito malparado da banca nacional? Vamos por partes. À primeira vista a ideia parece boa. Livrar os bancos do crédito malparado (muito dele, seguramente, de cobrança impossível) melhoraria os seus rácios, logo ficariam com mais dinheiro disponível para financiamento da economia. Mas emprestar a quem? Os incumpridores, famílias ou empresas, cujos créditos teriam transitado para o banco mau, continuariam a ver o crédito por um canudo. Por outro lado, com crescimentos anémicos como os que temos vivido (e que, infelizmente, se perspectivam para o futuro), haverá tanta gente assim decidida a novos investimentos? Provavelmente não. Para além disso, segundo a banca, o problema do financiamento da economia não se deve à falta de dinheiro, mas sim à falta de projectos "com pernas para andar". Por último, mas não menos importante, quem pagaria a factura? É que por muito milagreiro que o banco mau venha a ser, o que conseguir cobrar não cobrirá, certamente, o montante emprestado pelos bancos. Logo haverá perdas. Mais uma vez, quem as pagará?

Contar com o ovo no cu da galinha

Houve ou não houve acordo entre a Santoro Finance (Isabel dos Santos) e o CaixaBank, relativamente ao BPI, no passado dia 10 de Abril? Isabel dos Santos diz que não, CaixaBank e BPI dizem que sim. Dois contra um, logo, estatisticamente, é mais provável que tenha havido acordo do que o contrário. Mas, tendo havido acordo, ainda não estaria nada assinado, o que originou o imbróglio. De qualquer forma, como a coisa deu para o torto, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa tiraram da gaveta a bomba atómica (desblindagem dos estatutos dos bancos) o que terá provocado a ira de Isabel dos Santos que acusa o governo português de ter feito uma lei "à medida". Sendo ela quem é (filha do Presidente de Angola), de certeza que quem vai pagar as favas é o mexilhão (leia-se, trabalhadores e empresas portuguesas a operar e/ou exportar para Angola). Moral da história, contar com o ovo no cu da galinha é perigoso. Tanto o Presidente da República como o Primeiro-Ministro precipitaram-se ao considerarem o acordo Santoro-CaixaBank como um dado adquirido.

Grande Chefe (mas pouco!)

Com as perspectivas de crescimento económico em baixa, o Grande Chefe Mário Centeno está a "apertar os calos" em termos da execução orçamental. Gastar sim, o orçamentado (de preferência não gastar tudo), mais um cêntimo que seja só com o aval prévio das Finanças. E vamos lá a ver se a geringonça aguenta a enorme pressão a que está sujeita, sobretudo, pelas instâncias internacionais (Comissão Europeia, FMI, BCE).

O negociador

4 ever!

In Memoriam (2001-2012)

Every dog must have a soul
Somewhere deep inside
Where all his hurts and grievances
Are buried with his pride.
Where he decides the good and bad,
The wrong way from the right,
And where his judgement carefully
Is hidden from our sight.

A dog must have a secret place
Where every thought abides,
A sort of close acquaintance that
He trusts in and confides.
And when accused unjustly for
Himself, He cannot speak,
Rebuked, He finds within his soul
The comfort he must seek.

He'll love, tho'he is unloved,
And he'll serve tho'badly used,
And one kind word will wipe away
The times when he's abused.
Altho' his heart may break in two
His love will still be whole,
Because God gave to every dog
An understanding Soul!

(A Dog's Soul, autor desconhecido)

Street art

Resistir até quando?

Bruxelas (FMI e BCE) não param de bater no mesmo, exigindo ao governo português medidas adicionais de austeridade. Para além da redução do défice estrutural ser insatisfatório (querem quase mais 1000 milhões de euros de cortes permanentes), Bruxelas afirma que o ímpeto reformista perdeu-se (lembram-se, esta crítica também tinha sido dirigida ao governo anterior) e mostra-se desagradada perante a reversão de algumas das medidas implementadas pelo governo Passos-Portas (redução da semana de trabalho dos trabalhadores da administração pública para as 35 horas, a devolução da sobretaxa e dos cortes de salários e pensões) e ainda pelo aumento do salário mínimo até 600 euros em 2019. O governo de Costa, aparentemente, tem resistido (a execução orçamental dos primeiros meses do ano, cujos dados já estão publicados, até registou um superavit), mas até quando?

Prince (1958-2016)

Meio cheio ou meio vazio?

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, mentiu à Comissão de Inquérito Parlamentar que investiga o caso Banif? Provavelmente não, mas também não disse toda a verdade. Carlos Costa nas suas declarações tinha deixado entender que a decisão de cortar ao Banif o estatuto de contraparte (financiamento do eurossistema) tinha partido do supervisor europeu (BCE). Mas não, na minuta da 417ª reunião do Conselho de Governadores do BCE pode ler-se "O Conselho de Governadores aprovou a proposta submetida pelo Banco de Portugal para limitar o acesso do Banif a operações reversíveis de cedência de liquidez do eurossistema". Afinal, a resolução do Banif não foi uma questão de falta de poder face ao BCE, como Carlos Costa afirmou na comissão de inquérito, mas sim uma decisão do regulador português.

Marketing para totós

Numa arrojada e inédita campanha de marketing, o Novo Banco transferiu milhares de euros para a conta de ex-clientes BES, actualmente clientes CGD. O Banco de Portugal, antes que nova bronca lhe estourasse nos braços, apressou-se a vir a público esclarecer que, nas situações em que a conta do beneficiário já tenha sido creditada, o banco do beneficiário apenas pode debitar a conta do cliente com autorização do mesmo. Se ele recusar, a única forma para recuperar os fundos indevidamente creditados é o recurso aos tribunais.

Tchau querida!

O processo de destituição da Presidente do Brasil merece um lugar na História Universal pelo anedótico da situação. Mais de metade dos deputados que votaram sim pela destituição estão a contas com a justiça brasileira por crimes vários (corrupção, etc). Por seu turno, a Presidente Dilma não está indiciada de coisa nenhuma, nem, que se saiba, paira sobre ela qualquer suspeita de enriquecimento ilícito. Dá para entender?

Melhores amigos

Estes dois melhores amigos não são o António Costa e o Diogo Lacerda Machado, obviamente. São mais pequenos, mais peludos e... mais bonitos!

PS-Em termos comunicacionais, um desastre absoluto. António Costa geriu a questão do "negociador/melhor amigo" Diogo Lacerda com a delicadeza de um elefante dentro de uma loja de porcelana. As explicações que deu só aumentaram as dúvidas e as desconfianças. Se Lacerda não tinha contrato nem mandato formal, a que título é que apresentava nas reuniões em que esteve? Melhor amigo do primeiro-ministro? A ser assim, provavelmente, só esteve nas reuniões porque a porta estava aberta. Para terminar, em que país, deste ou de outro mundo, um consultor/negociador de um governo trabalha em dossiers "pesados" como aqueles em que Lacerda trabalhou (reversão da privatização da TAP, lesados do BES, BPI) por 2.000 euros mês?

Do mal, o menos!

José Sócrates tem razão em muito do que tem dito e escrito. O prazo para o Ministério Público investigar e formular acusação foi estendido até 15 de Setembro, pelo menos. Escrevo pelo menos porque o próprio despacho deixou a porta escancarada para nova prorrogação. Dito de outra forma, o MP, à data da detenção de José Sócrates, tinha apenas suspeitas. Provas ou fortes indícios, só em sonhos. E, ao que tudo indica (sucessivas prorrogações do prazo de investigação), todos estes meses de investigação também não estarão a correr muito bem. Dito isto, José Sócrates, no Verão deste ano, pode ir a banhos descansado, tanto no país como no estrangeiro. É que o ex-primeiro-ministro viu ser-lhe retirada a medida de coacção que o impedia de sair do país sem autorização judicial.

Street art

L'enfant terrible

Onze contra onze e no fim... passam os alemães!

O Benfica até pode ter deixado a porta entreaberta para a passagem às meias-finais no final do jogo em Munique. Pelo menos eram essas as expectativas dos benfiquistas, e com isso sonharam durante uma semana. Mas ainda faltavam 90 minutos e, em Lisboa, o Bayern de Munique, mesmo dando, por cortesia, um golo de avanço ao Benfica, de mansinho, fechou a porta e acabou com o sonho. Parafraseando Gary Lineker, são onze contra onze e no fim... passam os alemães!

Imaginação sem limites

Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, deve ter causado espanto, até junto dos políticos com mais imaginação, ao decretar, para os próximos dois meses, feriado nacional todas as sextas-feiras. A medida foi justificada como uma tentativa de poupar energia. Como parte do plano para poupar energia, Maduro já tinha decretado uma pausa de uma semana na Páscoa e uma redução das horas de trabalho diárias. Mas semana de trabalho de quatro dias, isso é o sonho de qualquer trabalhador! Mais uma vez paliativos que não vão contribuir para a resolução de nenhum dos problemas venezuelanos. Parece-me, Nicolas Maduro caminha a passos largos para um destino idêntico ao de Napoleão.

PS-A Venezuela, a braços com uma crise económica e social de proporções gigantescas, com uma inflação de três dígitos (109%), viu o preço da gasolina subir, em Fevereiro, 6000% (leste bem, seis mil por cento). Mesmo assim, a gasolina continua mais barata do que a água potável!

Back to the origins

Fez recentemente um mês que Cavaco Silva abandonou a Presidência da República portuguesa, pelo que, impunha-se, espreitarmos a sua nova vida agora que retornou à condição de cidadão (mais ou menos) anónimo. Já sabíamos que o ex-presidente iria dedicar grande parte do seu tempo à escrita das suas memórias. O que não sabíamos é que Cavaco Silva, nos intervalos da escrita, se iria dedicar ao cultivo de uma pequena horta. Gesto surpreendente, mas não absolutamente inesperado. Cavaco Silva nunca escondeu as suas raízes humildes, nem o orgulho que sentia por ter chegado onde chegou à custa de muito trabalho. Daí não ser, totalmente, de espantar esta espécie de "back to the origins".

Poço sem fundo

Na sequência da derrota com o Tondela, Pinto da Costa afirmou, em entrevista ao Porto Canal, que o FC Porto tinha batido no fundo e que ele próprio sentia vergonha. Acontece que parece que não. O Porto ainda não tinha batido no fundo. Continua em queda (jornada seguinte, derrota frente ao Paços de Ferreira). Ao que tudo indica, esta época desportiva, caso seja feita a analogia com um poço, deve ser qualificada como poço sem fundo!

Eu queria dizer que $im, mas não con$igo...

A propósito da posição do PSD em votar contra a condenação das penas de prisão decretadas a 17 activistas que andavam a ler uns livros em Luanda.

Street art

João Bofetadas Soares

Quando se atira um par de bofetadas, é necessário prestar atenção à direcção do vento. Se o vento estiver contra, quem atira corre o risco de levar com elas. Foi o que aconteceu a João Soares. Quanto à sua demissão, fica por esclarecer se foi por vontade própria ou por imposição alheia. De momento, como é da praxe, para a História, fica a versão saiu por vontade própria.

O Rei Sol angolano

C'est pas possible!

Os comedores de rãs ficaram boquiabertos. O quê? Um português, em França, a ganhar 14.500 euros por dia, sábado e domingos incluídos? C'est pas possible! E no entanto assim foi. Carlos Tavares, português, nascido em Lisboa e emigrante em França desde os 17 anos, ganhou, no ano passado, na qualidade de presidente da Peugeot, 5.24 milhões de euros (salários e prémios).

Sacudir a água do capote

Todas as histórias têm tantas versões quantas as partes envolvidas e, a propósito da resolução do Banif, a versão do Banco de Portugal é que, apesar da decisão final ter sido formalmente sua, não houve margem para opção por outra via. A resolução do Banif e a venda da sua actividade ao Santander foi a solução apontada ao Banco de Portugal pelo governo e pela Comissão Europeia. Pelo menos é o que se depreende dos documentos enviados pelo supervisor à comissão parlamentar de inquérito, num dos quais se lê que o Ministério das Finanças "comunicou" ao banco central que, "analisadas as alternativas de recurso", a solução do problema passaria pela resolução e alienação da sua actividade. Por outras palavras, mais uma vez, o banco foi-se, a factura foi entregue aos contribuintes e ninguém é responsável pela situação.

Uns verdadeiros anjinhos!

Numa análise feita aos cinco principais campeonatos da Europa (Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha, França e Portugal), o Benfica é a única equipa que, no conjunto das jornadas já disputadas, ainda não teve um penálti assinalado contra, nem qualquer jogador expulso. Uns verdadeiros anjinhos!

PS-O que acabaste de ler deixou de ser verdade à 27ª jornada: o Benfica viu assinalada contra si uma grande penalidade contra o Braga. Antes desse jogo, a última grande penalidade assinalada contra o Benfica tinha sido no Rio Ave-Benfica (26ª jornada do campeonato anterior), jogo esse que o Benfica perdeu por 2-1. Foi também nesse jogo que um jogador do Benfica viu, pela última vez, um cartão vermelho. Tratou-se de Luisão, expulso a 5 minutos do final do jogo.

Bomba atómica

Termina hoje, dia 4 de Abril, o impedimento de dissolução da Assembleia da República. Em consequência, caso o Presidente assim o entendesse e houvesse razões para tal, Marcelo Rebelo de Sousa podia acabar com a "geringonça". Mas não é esse o entendimento do Presidente da República (aliás, bem pelo contrário, a coabitação Marcelo-Costa parece respirar saúde por todos os poros da pele), não há razões para isso, nem parece que algum partido o deseje (de momento). O PSD ainda está a lamber as feridas e a tentar perceber como é que perdeu, tendo ganho. O CDS já arrumou a casa, mas a nova liderança precisa de tempo para se afirmar. Quanto aos partidos de esquerda, enquanto as coisas forem correndo, podem ir capitalizando a tão publicitada recuperação de rendimentos, ainda que ela seja mais virtual do que real. O que tem acontecido é que aquilo que é dado com a mão direita é retirado com a mão esquerda.

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Bruno de Carvalho proíbe o vermelho

A rivalidade entre Sporting e Benfica é velha, muito provavelmente eterna, e tem vindo a acentuar-se nos últimos anos. Bruno de Carvalho não esteve com meias medidas e decidiu proibir o vermelho em Alvalade. Como facilmente se perceberá, a ordem presidencial teve consequências, muito para além, da roupa ou calçado dos atletas. Apenas um exemplo, a Câmara Municipal de Lisboa viu-se obrigada a mudar todos os sinais de trânsito com cor vermelha nas imediações de Alvalade!

Não é coisa pouca!

O panfleto não especifica, mas a recompensa é a seguinte: 1 kg de arroz, 3 pacotes de leite, 5 pães e 1 rolo de papel higiénico. Acreditem, nos dias que correm, na Venezuela, esta recompensa não é coisa pouca!

PS-Hoje, dia 1 de Abril (dia das mentiras), deu-me para brincar com a desgraça alheia. Não tenho familiares nem amigos na Venezuela, mas há uma grande comunidade portuguesa a residir naquele país (a seguir ao Brasil, a maior da América Latina, estimando-se o seu número em cerca de 400 mil, podendo os luso-descendentes ascender a 1.3 milhões de pessoas). E tanto estes como todos os demais, mereciam uma vida bem melhor do que a que levam, não fora a cegueira ideológica e a retórica inconsequente do Presidente daquele país. Sendo mentira que o panfleto acima reproduzido circule pela Venezuela, tudo o mais é verdade: Um povo a merecer uma vida melhor e um presidente que não serve nem para porteiro de um prédio.