quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Passe de mágica


Cavaco Silva condecorou Durão Barroso com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, a distinção reservada a chefes de Estado estrangeiros e a pessoas com feitos de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, pelos 10 anos de presidência da Comissão Europeia. Cavaco fez um discurso extremamente elogioso, tendo mesmo afirmado: "Portugal muito beneficiou pelo facto de termos à frente da União Europeia um português, conhecedor da realidade portuguesa, conhecedor do mundo, e com o prestígio de Durão Barroso". De facto os elogios foram tantos que Durão Barroso na hora de responder até admitiu que "foi correcta a decisão que tive de tomar em 2004" (abandonar o governo para ocupar o cargo de Presidente da Comissão Europeia). E desta forma, num verdadeiro passe de mágica, Cavaco branqueou a atitude de Barroso e "abençoou" uma (hipotética) candidatura a Belém. Quanto aos (muitos) benefícios para Portugal, muito sinceramente, "passaram-me ao lado". Barroso, para além de ter contribuído para o desprestígio de instituições portuguesas (por exemplo, críticas ao Tribunal Constitucional durante a vigência do programa de assistência económica), limitou-se a ser o eco da voz da Alemanha. Nunca ouvimos da sua boca a mais leve discordância relativamente ao fundamentalismo alemão no que diz respeito às políticas de austeridade.

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