domingo, 31 de agosto de 2014

Alma franciscana


Apostado em reconquistar os votos perdidos nas últimas europeias, David Cameron, primeiro-ministro britânico, deu a conhecer, pela sua pena, no jornal The Telegraph, um conjunto de medidas que fazem um autêntico cerco à emigração, mesmo aquela proveniente de países da União Europeia. Tudo em nome de "pôr a Inglaterra [e os ingleses] em primeiro lugar". Basicamente, o que Cameron escreveu foi: “Mudamos as regras para que ninguém venha para este país a pensar que vai receber benefícios imediatamente. A partir de agora vão ter de esperar três meses”, escreveu David Cameron. Antes qualquer cidadão da União Europeia que estivesse à procura de emprego podia desfrutar de um subsídio de "procura de emprego" ou de benefícios para os filhos por um máximo de seis meses antes de os subsídios lhe serem cortados. Uma autêntica alma franciscana!

sábado, 30 de agosto de 2014

Adeus até ao meu regresso


A Madeira está com uma grave crise financeira e foi "resgatada" (mais uma vez) pelos "cubanos" do Continente? Aparentemente não. Segundo o jornal i, Jardim continua a gastar em festas e festejos como se não houvesse amanhã. De acordo com as contas do referido jornal, já lá vão mais de 5.000.000 de euros. Festas do fim do ano e de Carnaval, festivais de música, eventos lúdicos diversos, iluminações, fogo de artifício, assessoria ou viagens de avião são algumas das actividades e encargos assumidos pelo governo da Madeira e pagos pelos contribuintes. Entretanto, agora que o líder há mais tempo no poder se prepara para deixar o Governo regional e a presidência do PSD-M, aqui deixo uma das suas "pérolas". Esta foi a propósito de Miguel Relvas e da sua polémica licenciatura. Alberto João Jardim (AJJ): "Fiquei satisfeito porque agora também vou requerer várias licenciaturas para mim". Jornalista: "Isso é uma crítica ao sistema?" AJJ: "Não é uma crítica ao sistema, é um direito meu, desculpe. Trinta e não sei quantos anos de Governo, engenheiro honorário declarado pela ordem dos engenheiros, doutorado honoris causa por uma universidade, presidente de várias associações filantrópicas. Trinta e tal anos de Governo, isto deve dar… Eu cá penso que isto vai dar para: veterinária, biologia, informática e astronomia. Vou requerer estes quatro cursos".

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Os senhores que se seguem?


Em entrevista recente, António Costa assumiu que o seu verdadeiro adversário é o ex-autarca do Porto Rui Rio. "O país anseia por novos protagonistas, com provas dadas, que rompam este ciclo de vistas curtas em que temos estado [...]. E é manifesto que, à direita, as pessoas se reveem cada vez mais em Rui Rio", afirmou Costa nessa entrevista. Para ser franco, ainda não se percebe com muita nitidez o que separa António Costa de António José Seguro. Para além de ideias vagas acerca do rumo a dar à nossa economia, Costa pouco mais tem dito. Quanto a Rui Rio, também não é claro que pretenda "assaltar" o PSD. Tudo dependerá das próximas eleições. Nesta altura, Rui Rio parece mais estar a ser "empurrado" do que a constituir-se, por vontade própria, alternativa a Passos Coelho.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Bom começo?


De um banco novo que nasce com mais de 600 balcões e mais de 2 milhões de clientes, sem crédito mal parado e convenientemente recapitalizado, esperava-se que a escolha da nova imagem não recaísse num animal tão frágil como uma borboleta. Um animal robusto, com músculos de aço, seria uma escolha mais adequada. Um gorila, por exemplo. Mas pensando no que se pretende para o Novo Banco, vendê-lo o mais rapidamente possível, percebe-se a escolha da nova imagem. A borboleta, para além de frágil, tem um tempo de vida extremamente curto, que é, exactamente, o que se pretende para o Novo Banco.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Vida nada fácil!


De titular indiscutível na última época e, sacrilégio, não integrado no lote dos jogadores seleccionados para a fase final do Mundial 2014 (diga-se, em abono da verdade, que Quaresma se apresentava na altura em muito melhor forma do que alguns (bastantes) elementos da "brigada do reumático" que nos representou no Brasil), a suplente ou não convocado esta época, foi uma curta distância. A vida não está fácil para o Ricardo "Cigano" Quaresma. Terá o atleta do FC Porto estofo para aguentar estas provocações?

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Pagamentos do outro mundo


Depois de alguns ilustres desconhecidos, já falecidos, terem aparecido com as quotas do PS pagas, eis que surge a notícia de mais um "pagamento do outro mundo". Jim Morrison, vocalista da banda rock The Doors, falecido em Paris em 1971, também estará em condições de votar nas eleições do PS. Só não se sabe se Morrison pagou em cheque, dinheiro ou cartão. A direcção do partido não se mostrou disponível para quebrar o sigilo bancário e revelar a forma de pagamento.

PS-Para um partido que até consegue que os mortos paguem as quotas, fazer "ressuscitar" uma economia que teima em não sair do "sono eterno" será uma brincadeira de crianças. De que estará o Presidente da República à espera para dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas?

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Tragicomédia


Se a situação humanitária do povo norte-coreano não fosse tão trágica, a "ameaça" seria de morrer a rir. “Se os imperialistas dos Estados Unidos ameaçarem a nossa soberania e sobrevivência, as nossas tropas vão disparar mísseis armados com ogivas nucleares contra a Casa Branca e o Pentágono", afirmou um alto responsável militar norte-coreano num discurso transmitido pela TV. Possuindo a Coreia do Norte apenas mísseis de curto e médio alcances, não se percebe como poderia atingir os EUA. Talvez fazendo uma aproximação silenciosa à costa norte-americana (por exemplo, de barco a remos) e lançando, a partir desse ponto, os mísseis com fisgas (dotadas de mira telescópica)!

PS-Os mísseis disparados pela Coreia do Norte para o mar, aquando da visita do Papa à Coreia do Sul, não eram mísseis, mas sim foguetes tamanho XXL e foram lançados, única e exclusivamente, para saudar a visita do Sumo Pontífice.

domingo, 24 de agosto de 2014

Este país não é para doentes


A despesa pública não para de crescer? O Ministério da Saúde (MS) talvez tenha descoberto a solução. A história conta-se em poucas palavras. Um bancário reformado com problemas cardíacos foi a uma consulta à sua médica e esta pediu uma consulta urgente de cardiologia ao Hospital de Tomar. A consulta foi marcada e o reformado recebeu em casa uma carta a confirmar a marcação para o dia... 10 de Fevereiro de 2016! E é neste aspecto que reside a solução milagrosa descoberta pelo MS. Marcando consultas urgentes para quase dois anos depois, é expectável que muitos dos doentes morram entretanto, poupando preciosos euros ao erário público. Absolutamente anedótico, caso não estivéssemos a fala de vidas humanas!

sábado, 23 de agosto de 2014

Janela de oportunidade


O Ricardo sabe tudo. Se ele contar o que sabe a respeito da promiscuidade que tem reinado em Portugal entre política e negócios, não fica pedra sobre pedra. É uma janela de oportunidade única e irrepetível! Resta saber se a classe política (em geral) estará interessada em tal. O meu palpite é que não!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A marca


Corre mal a experiência de Leonardo Jardim na Liga francesa. Dois jogos, duas derrotas. Se na primeira derrota se poderia argumentar que Jardim ainda não se conseguia exprimir em francês fluente e o interprete destacado sentia alguma dificuldade em compreender o sotaque madeirense, a segunda derrota, por 4 a 1, frente ao Bordéus, já não pode ser convenientemente explicada só por dificuldades de comunicação. A continuar assim, Jardim não terá tempo para "carimbar" a mulher do presidente!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Quarto reich


Segundo o gabinete de estatística da Comunidade Europeia, a zona euro está em estagnação. O principal motivo desta estagnação está na contracção, no segundo trimestre, das economias da Alemanha e da da Itália e na estagnação da economia francesa. Em entrevista ao jornal alemão Die Welt, o comissário europeu para o Emprego, Lazlo Andor, considera que o excedente comercial alemão está a prejudicar os restantes países europeus e instou os responsáveis alemães a estimularem a procura interna, aumentando os salários dos trabalhadores, bem como a despesa pública. “O aumento dos salários foi mais baixo que o aumento da produtividade na Alemanha” durante mais de uma década, afirmou Andor. Bruxelas defende agora que o aumento dos salários pelos alemães é “indispensável” para a recuperação económica da região. “Seria melhor se os salários subissem ao mesmo nível que a produtividade”, defendeu o comissário. O domínio da Europa é uma velha aspiração alemã. Não o conseguiu nas duas primeiras guerras mundiais. Mas ninguém duvide, está prestes a consegui-lo e sem dar um tiro.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Nota-se!


Que o digam os (milhares) de passageiros afectados no último mês por atrasos e/ou cancelamento de voos! Os problemas que a TAP tem vivido parecem ser, sobretudo, um problema de (má) gestão. Não se percebe como é que a companhia aceitou novas rotas sem ter assegurado os correspondentes meios operacionais necessários. E com tudo isto, é a imagem da TAP que está a sofrer. Se eu fosse adepto de uma qualquer teoria da conspiração, uma vez que o governo mantém no horizonte a intenção de privatizar a TAP, diria que esta situação é deliberada para baixar o preço da companhia em futura venda a algum "amigo" !

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Fumar mata... o Ébola!


Quando, há algumas semanas, Kent Brantly, o médico norte-americano que contraiu o virus do Ébola na Libéria e foi evacuado em estado muito grave para os Estados Unidos, ninguém imaginava (provavelmente nem ele próprio) que, passado este tempo, estivesse quase recuperado. Acontece que ele foi tratado no hospital de Atlanta com um soro experimental feito com base em componentes da planta do tabaco. Afinal, fumar mata... o Ébola!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Começar com o pé esquerdo


O Novo Banco, o tal mais forte e mais seguro, que só receberia o filé mignon do antigo BES, foi notado pela Moody's em B3, isto é, o sexto nível abaixo de investimento. Por outras palavras, a Moody's considera o banco como lixo e colocou o rating do banco "sob revisão" para corte. Para um banco novo, sem crédito mal parado e recapitalizado pelo Estado, não se pode dizer que tenha começado com o pé direito! Por outro lado, nos últimos dias têm sido noticiadas fugas de depositantes para outros bancos. Milhões de euros! O que significa que o Novo Banco ficará mais pequeno e com menos valor e que, à data da sua venda, não valerá o dinheiro metido pelo Estado. Como não me parece que os banqueiros portugueses tenham alma de bons samaritanos, está-se mesmo a ver quem vai pagar (mais uma vez) a diferença. Isso de "risco zero" para os contribuintes é treta. Como, muito provavelmente, a venda ocorrerá com um governo de uma outra cor, empurra-se o risco para a frente e... quem vier atrás que feche a porta!

domingo, 17 de agosto de 2014

Donzela enganada


Apesar do aspecto castigador e medonho do quadro, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal (BdP), não passa de (mais) uma "donzela enganada". Aliás, este parece ser o destino de quem ocupa o cargo de governador do BdP. Mais cedo ou mais tarde, fatal como o destino, os governadores do BdP acabam por vestir a pele de donzelas traídas e enganadas. Soubemos pela boca do próprio que tinha sido traído pela administração do BES (em geral) e por Ricardo Salgado (em particular). Não sei se o BCE tem, neste momento, algumas vagas disponíveis. Em caso afirmativo, à semelhança do seu antecessor, talvez esteja na hora de uma mudança de ares para o governador do nosso banco central.

sábado, 16 de agosto de 2014

O triunfo dos porcos


Conhecida a decisão do Tribunal Constitucional (TC), apesar da aparente derrota, bem respirou de alívio o governo. O TC viabilizou os cortes salariais para o que resta de 2014 e para 2015. O próximo orçamento de Estado pode ser elaborado sem sobressaltos. Como será o último do actual executivo, o grande problema foi remetido para os braços do próximo executivo. O que é uma decisão de difícil compreensão, mesmo para alguns juízes do TC. Porquê constitucional em 2014 e 2015, e não a partir de 2016? E, sobretudo, porquê, sempre, as mesmas medidas de redução da despesa? Catarina Sarmento e Castro escreveu no seu voto “é importante que se sublinhe que decorridos vários exercícios orçamentais consecutivos, não pode continuar a servir de justificação às medidas de redução remuneratória impostas a quem recebe por verbas públicas a invocação de que estas seriam, ainda, a única opção com efeitos certos, seguros e imediatos para a realização dos objectivos orçamentais traçados”. Por outras palavras, é tempo de o governo se virar para outro lado.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O Captain! My Captain!


O Captain! my Captain! our fearful trip is done;
The ship has weathered every rack, the prize we sought is won;
The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring:
But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red,
Where on the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.
O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;
Rise up—for you the flag is flung—for you the bugle trills;
For you bouquets and ribboned wreaths—for you the shores a-crowding;
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;
Here Captain! dear father!
This arm beneath your head;
It is some dream that on the deck,
You’ve fallen cold and dead.
My Captain does not answer, his lips are pale and still;
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will;
The ship is anchored safe and sound, its voyage closed and done;
From fearful trip, the victor ship, comes in with object won;
Exult, O shores, and ring, O bells!
But I, with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

(Walt Whitman, 1865)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Onde é que já ouvimos isto?


Está prometida para hoje a decisão do Tribunal Constitucional (TC) acerca dos pedidos de fiscalização prévia feitos pelo Presidente da República a pedido do governo. Nos últimos dias temos assistido a uma dramatização de cenários, quer da parte do governo, quer do PSD, em caso de chumbo do TC. No primeiro caso, Paulo Portas, em caso de chumbo, diz que ao governo não resta nenhuma alternativa que não seja a de manter os portugueses em "escravidão fiscal". Quanto ao PSD, pela voz de Luis Montenegro, um novo chumbo colocaria o país numa situação de "ingovernabilidade". Por outro lado, o governo e a maioria ao dizerem "já passou uma vez, não há razão para não passar novamente" esquecem que o que está agora em apreciação pelo TC é muito diferente das situações anteriores. Para começar, o corte das pensões passará a definitivo, ao contrário dos anteriores que só passaram por ser provisórios. Quanto ao corte dos salários, o TC autorizou anteriormente, entre outras coisas, pela situação de excepcionalidade que o país estava a viver. O programa de ajustamento económico e financeiro terminou e Portugal até "dispensou" a última tranche do empréstimo. Um verdadeiro êxito nas palavras do governo. Sendo assim, porque razão haveria o TC de viabilizar novo "roubo" ? Resta-nos aguardar mais algumas horas pelo veredicto.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Vítor Bento não é benfiquista!


Depois da pior pré-época do Benfica de que há memória (oito jogos, seis derrotas, seis golos marcados e catorze sofridos), eis que o Benfica ganhou o primeiro jogo oficial da época, a Supertaça, frente ao Rio Ave. Ao desastre da pré-época não será alheia a "sangria" do plantel verificada. Jorge Jesus bem pode pedir reforços ou ameaçar bater com a porta. A saúde financeira do clube não será tão desafogada como nos quiseram fazer crer e agora com o "fecho da torneira BES", perdida a almofada, o "aperto" deve ser bem maior!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Cavaco relâmpago silva


Numa decisão verdadeiramente relâmpago (e inédita), Cavaco Silva enviou para o Tribunal Constitucional (TC) os dois diplomas legais cuja constitucionalidade o governo pretende esclarecida antes da elaboração do orçamento para o próximo ano. O envio foi tão rápido que até se especula se ele os terá lido. O envio foi feito no dia 31 de Julho e o tribunal já fez saber que se pronunciará no próximo dia 14 de Agosto (15 dias para decidir). O que me leva a tirar duas conclusões: (1) Não deixa de ser curioso que o governo só este ano (véspera de eleições) tenha chegado à conclusão que não seria tolerável os portugueses (leia-se, funcionários públicos, pensionistas e reformados) viverem na incerteza de qual o rendimento (mensal) com que contarão para o próximo ano. É que em caso de decisão desfavorável (para o governo, evidentemente) em sede de fiscalização sucessiva, a decisão do TC só seria conhecida lá para meados do próximo ano, isto é, numa data demasiado em cima das eleições para mais más notícias (leia-se, anúncio das medidas substitutivas das normas declaradas inconstitucionais). (2) Por outro lado, o tribunal ao decidir em 15 dias vem provar que a incertezas e trapalhadas dos últimos anos são culpa exclusiva do governo e do Presidente. Se tivesse sido pedida a fiscalização preventiva dos orçamentos dos últimos anos nos primeiros dias de Dezembro, a decisão seria proferida ainda no próprio ano e, o mais tardar, no final de Janeiro seguinte a situação estaria completamente clarificada. Mas dava jeito um "bode expiatório" caso as coisas corressem mal (e estavam a correr mesmo muito mal).

PS-Entretanto, mais recentemente, tivemos mais dois exemplos da nova velocidade do Presidente. Foi o caso das duas alterações legislativas necessárias para a implementação da "solução" divisão-do-BES.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Crónica de uma morte anunciada


Era uma vez um grupo financeiro que, aparentemente, transpirava saúde por todos os poros. Não tinha ido ao beija-mão da ajuda do Estado, nem gostava de ser confundido com os demais. Alicerçado numa reputação sólida de mais de cem anos, tinha renascido das cinzas após as nacionalizações de Março de 1975. Pacientemente, mas de forma inexorável, foi crescendo e desmultiplicando-se em holdings e empresas, com ligações entre si de tal modo complexas, que nem os próprios reguladores conseguiam controlar. Até ao dia em que houve uma denúncia e deixou de ser possível manter as aparências. A partir desse dia, começou a ficar claro para toda a gente que o gigante tinha pés de barro. Mas, mesmo assim, deixou-se arrastar a situação por demasiado tempo. Quando, finalmente, se desencadeou a tempestade, para muita gente, era demasiado tarde para arrepiar caminho. As perdas eram imensas, o dinheiro evaporava-se ao ritmo do próprio inferno. As autoridades, na tentativa de acalmar os ânimos, prometeram tudo e mais alguma coisa. Ninguém precisava de se preocupar com o seu dinheiro, ele estava devidamente salvaguardado, tinha passado para um banco novo. Quanto aos responsáveis pela tempestade, seriam devidamente julgados e punidos. Seriam, só que a justiça daquele país, para quem tivesse dinheiro, movia-se a passo de caracol e...

domingo, 10 de agosto de 2014

Informação privilegiada


Afinal a fraca prestação de Cristiano Ronaldo no Mundial de Futebol não se deveu a nenhuma lesão. Paulo Bento tinha razão, Cristiano estava, fisicamente, a cem por cento. Acontece é que a "cara" do BES, à data, já sabia da tempestade que se avizinhava e dos milhões que perderia no naufrágio! Entretanto já melhorou: Soube que tinha passado para o Novo Banco.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Coincidência ou acto falhado?


Curiosamente (ou talvez não), a denominação que o Banco de Portugal anunciou no domingo passado como nova marca para os activos (bons) do BES já está registada pelo... BCP! A notícia, dada pelo Expresso online, refere que o pedido de registo da marca, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, foi apresentado em 1989, pelo BCP, e tem o número 259487 (ver aqui). Sendo certo que se pretende vender o banco a privados o mais rapidamente possível (ainda em 2014, assim os deuses e o mercado o permitam!), a escolha do nome da nova marca significa que o negócio já está apalavrado com o BCP?

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Aproveitar bem o tempo


Ricardo Salgado, ao aperceber-se que teria de pagar uma caução para continuar em liberdade, pediu ao tribunal que o seu valor não ultrapassasse os 500.000 euros. Como é do conhecimento geral, o tribunal não aceitou e fixou a caução em 3.000.000 de euros, alargando, no entanto, o prazo normal para depósito ou apresentação de garantias. Como se prova pela imagem acima, Ricardo Salgado aproveitou (bem) o tempo extra concedido pelo tribunal!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Menos do que zero


A solução encontrada pelo Banco de Portugal para o BES, dividindo o banco em dois e entregando ao "bad bank" todos os activos tóxicos, deixa os accionistas do (antigo) BES, grandes e pequenos, a contas com um "buraco" assombroso. Ao que tudo indica, as perdas serão imensas, rondando os 100%. Pelo que, impõe-se a pergunta: Como é que Ricardo Salgado, considerado (quase) unanimemente como um dos banqueiros portugueses melhor preparados, não previu um desfecho desta natureza? A resposta não é fácil e, talvez, um dia venha a ser dada. Não terá sido ganância pura. Estupidez muito menos!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A raposa e o galinheiro


Logo que foram conhecidas as contas do BES relativas ao primeiro semestre do ano, as consequências não se fizeram esperar: suspensão de três administradores (históricos) do BES e perda do direito de voto da família Espírito Santo. Por outro lado, Carlos Costa já estará arrependido de muito do que disse acerca da solvabilidade do banco e da sua exposição ao GES. Foi um longo caminho, percorrido em menos de um fósforo, entre "a almofada financeira é suficiente" até "estamos com um problema muito sério entre mãos". Tão sério que o banco já foi dividido em dois, ficando um com tudo o que é bom e recuperável (Novo Banco) e o outro com todos os activos tóxicos (BES). E os accionistas do BES continuam accionistas, mas só do BES. O único accionista do Novo Banco é o Fundo de Resolução que, não tendo dinheiro suficiente, vai socorrer-se de um empréstimo do Estado. Adivinha-se uma prolongadíssima guerra nos tribunais!

PS - Não fica bem ao governador do Banco de Portugal a assumpção do papel de "donzela enganada". Em que país é que uma administração de um banco, julgada pouco idónea, é mantida em funções de maneira a fazer desaparecer mais de 1.500 milhões de euros nos últimos dias em funções? Pegando na fábula da raposa e o galinheiro, o que o regulador fez foi dizer à "raposa": "Tens de sair no final do mês. Mas até lá podes continuar a comer as galinhas!".

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Promovido a notas


Depois da ida embora da troika, o Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, estava "semi-desempregado". Como membro do governo, para além de assinar o recibo de vencimento todos os meses, pouco mais tinha para fazer. Bruxelas "namorava" Maria Luis para o posto de comissária, mas Passos Coelho só trocaria a sua "jóia do governo" caso a pasta atribuída a Portugal fosse de "peso" e na área económica ou financeira. Como o presidente da Comissão Europeia não garantiu coisa nenhuma, Passos Coelho promoveu o seu secretário de Estado a notas ( e que notas, 20.000 por mês!) e despachou-o para Bruxelas. O próprio agradece!

domingo, 3 de agosto de 2014

Coincidências


Recordando, o Tribunal Constitucional, ao viabilizar o aumento do horário de trabalho da Função Pública para as 40 horas semanais (sem o correspondente aumento salarial), argumentou que nada na lei impedia que, no futuro, o horário fosse reduzido por negociação. Ora, segundo o Negócios online, alguns serviços do Estado têm visto ser recusadas propostas para redução do horário para as 35 horas semana com o argumento de que "as Finanças estão contra". Como seria de esperar, o Governo desmentiu de imediato. As propostas são analisadas caso a caso, tendo em conta as especificidades do serviço em causa. Acontece é que, por mera coincidência, a resposta tem sido sempre a mesma!

sábado, 2 de agosto de 2014

C'um três mil milhões de macacos!


Perante o descalabro revelado pela nova equipa (prejuízos do BES de mais de 3.5 mil milhões de euros no primeiro semestre), a tarefa de Vitor Bento afigura-se hercúlea. O último aumento de capital já se evaporou e há necessidade de um novo aumento. Segundo consta, haverá novos investidores privados interessados em entrar no capital do banco. Uns verdadeiros filantropos, esses investidores, dispostos a arriscar dinheiro num negócio de contornos ainda indefinidos! É que ninguém garante que os "buracos" tenham sido todos identificados. A queda da cotação das acções do BES para um nível nunca antes visto, parece indicar exactamente isso.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A guerra das rosas


"Nunca interrompas o teu inimigo enquanto ele estiver a cometer um erro". A frase é de Napoleão, mas assenta que nem uma luva à coligação PSD-CDS no que respeita à crise interna do PS. Este ano bem pode o governo "ir a banhos"  relaxado. A guerra das rosas está para durar com consequências bem difíceis de "digerir" (para os socialistas, evidentemente!). Na última sondagem publicada pelo Expresso aconteceu o impensável. A actual maioria (PSD e CDS) reúne mais intenções de voto do que o PS. Não adianta enterrar a cabeça na areia. A actual direcção do PS (Seguro) não é uma alternativa credível. Mas como é difícil abdicar do sonho de uma vida, há que adiar a resolução do problema para as "calendas gregas". Se a actual maioria ganhar as próximas legislativas, bem pode Passos Coelho arranjar "um tacho" para o seu melhor aliado, António José Seguro.

PS-Como será evidente, do ponto de vista da actual maioria governativa, não é indiferente qual o António que venha a ganhar a liderança do PS. Um deles afigura-se como um osso bem mais duro de roer do que o outro em cenário eleitoral. E se, por mera hipótese, tradicionais eleitores do PSD e do CDS se registassem como simpatizantes do PS para votarem em massa no António "menos duro de roer"? A hipótese não é tão académica quanto isso. Eu já conheço alguns casos.