segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Crónica de uma morte anunciada


Era uma vez um grupo financeiro que, aparentemente, transpirava saúde por todos os poros. Não tinha ido ao beija-mão da ajuda do Estado, nem gostava de ser confundido com os demais. Alicerçado numa reputação sólida de mais de cem anos, tinha renascido das cinzas após as nacionalizações de Março de 1975. Pacientemente, mas de forma inexorável, foi crescendo e desmultiplicando-se em holdings e empresas, com ligações entre si de tal modo complexas, que nem os próprios reguladores conseguiam controlar. Até ao dia em que houve uma denúncia e deixou de ser possível manter as aparências. A partir desse dia, começou a ficar claro para toda a gente que o gigante tinha pés de barro. Mas, mesmo assim, deixou-se arrastar a situação por demasiado tempo. Quando, finalmente, se desencadeou a tempestade, para muita gente, era demasiado tarde para arrepiar caminho. As perdas eram imensas, o dinheiro evaporava-se ao ritmo do próprio inferno. As autoridades, na tentativa de acalmar os ânimos, prometeram tudo e mais alguma coisa. Ninguém precisava de se preocupar com o seu dinheiro, ele estava devidamente salvaguardado, tinha passado para um banco novo. Quanto aos responsáveis pela tempestade, seriam devidamente julgados e punidos. Seriam, só que a justiça daquele país, para quem tivesse dinheiro, movia-se a passo de caracol e...

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