terça-feira, 5 de agosto de 2014

A raposa e o galinheiro


Logo que foram conhecidas as contas do BES relativas ao primeiro semestre do ano, as consequências não se fizeram esperar: suspensão de três administradores (históricos) do BES e perda do direito de voto da família Espírito Santo. Por outro lado, Carlos Costa já estará arrependido de muito do que disse acerca da solvabilidade do banco e da sua exposição ao GES. Foi um longo caminho, percorrido em menos de um fósforo, entre "a almofada financeira é suficiente" até "estamos com um problema muito sério entre mãos". Tão sério que o banco já foi dividido em dois, ficando um com tudo o que é bom e recuperável (Novo Banco) e o outro com todos os activos tóxicos (BES). E os accionistas do BES continuam accionistas, mas só do BES. O único accionista do Novo Banco é o Fundo de Resolução que, não tendo dinheiro suficiente, vai socorrer-se de um empréstimo do Estado. Adivinha-se uma prolongadíssima guerra nos tribunais!

PS - Não fica bem ao governador do Banco de Portugal a assumpção do papel de "donzela enganada". Em que país é que uma administração de um banco, julgada pouco idónea, é mantida em funções de maneira a fazer desaparecer mais de 1.500 milhões de euros nos últimos dias em funções? Pegando na fábula da raposa e o galinheiro, o que o regulador fez foi dizer à "raposa": "Tens de sair no final do mês. Mas até lá podes continuar a comer as galinhas!".

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