quinta-feira, 23 de julho de 2015

O número


Independentemente da natureza do número (verdadeiro ou falso), qualquer economista é capaz de provar tudo e o seu contrário com números. Basta para tal escolher o número certo e a escala adequada ao que pretende provar. Vem isto a propósito da recente declaração de Passos Coelho de que o governo criou 175.000 novos empregos nesta legislatura! Por acaso o número até está errado. Segundos os dados de Maio do INE, o desemprego aumentou duas décimas. Mas não é isso que está em causa. Para chegar a este número, Passos Coelho "esquece" o emprego destruído e parte do ponto mais baixo da série estatística para só contabilizar a partir daí. Sendo certo que há recuperação a partir do primeiro trimestre de 2013, ao contrário do que é habitual (a destruição de empregos corresponder quase integralmente ao aumento de desempregados), a criação de novos empregos a partir de 2013 não explica, sequer, metade da redução do desemprego. Redução da população activa (por emigração e/ou desencorajamento) e as medidas promovidas pelo IEFP (estágios e formação profissional, entre outros) foram mais decisivos nesta espécie de milagre. É que como qualquer economista também sabe, o crescimento do PIB português não é suficiente para gerar uma criação de emprego tão significativa.

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