Pelo tempo de exercício do poder, por esta altura, o governo ainda deveria estar em estado de graça com os portugueses que votaram neles, tanto mais que apenas agora estamos a sair do período de férias. Contudo, a realidade é bem diferente. As pessoas já perceberam que afinal o discurso “temos a lição bem estudada e sabemos exactamente como e onde actuar” tinha um, e apenas um, alvo – os rendimentos provenientes do trabalho. Continuando a deixar de fora a tributação do capital e do património, o governo tem, no mínimo, menosprezado os compromissos assumidos com o eleitorado, isto para não dizer que passaram a campanha eleitoral a prometer uma coisa e, chegados ao poder, têm andado a fazer exactamente o contrário. Mesmo os cortes na despesa, contrariamente ao esperado, irão ter consequências nos bolsos de uma percentagem significativa das famílias portuguesas. E os sinais de descontentamento estão a começar a surgir de onde menos se esperava - deputados dos partidos que suportam a coligação e de figuras do PSD e do CDS.
"Melhorar as contas públicas à custa do aumento dos impostos é errado, arriscado e insustentável. A única solução sustentável para consolidarmos as contas públicas passa pela redução das despesas públicas estruturais." (Os Mitos da Economia Portuguesa, A. Santos Pereira)
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