Apesar dos avisos lançados por Christine Lagarde, directora-geral do FMI, o PM português decretou o princípio do fim da crise para 2012. Segundo as suas palavras, a redução da despesa pública, em percentagem do PIB , a começar este ano e a prolongar-se até 2015, acontecerá “a um ritmo e a uma escala que o país não conheceu nas últimas décadas”.
Ficamos também a saber que, no que respeita aos aumentos de impostos já anunciados, o governo procurou “proteger os mais desfavorecidos”, onerando os mais desafogados, os quais, dado o carácter temporário das medidas, certamente mostrarão disponibilidade para ajudar os mais necessitados neste período de transição.
Ainda no que respeita ao aumento de impostos, “não serão necessários mais aumentos, a não ser que haja algum evento que não decorra das nossas acções, que seja imposto por condicionantes externas”. Talvez receita fiscal inferior à prevista (já há muito boa gente a apostar neste cavalo) ou uma recessão da economia mundial, à semelhança do aviso lançado pela directora-geral do FMI...
Por último, o PM considera que ainda não faltou à promessa eleitoral de não aumentar os impostos. Isso só acontecerá “no dia em que tiver de aumentar impostos por erros políticos meus ou do governo”, o que, obviamente, na sua opinião, não é o caso. Os aumentos já decididos foram-no para colmatar erros do governo anterior. Eis a forma, hábil, de o PM não faltar a uma outra promessa eleitoral - desculpabilizar a acção governativa com o peso da herança recebida. Mas, mesmo assim, ainda pergunto: Se não havia uma real percepção do estado do país (em Portugal as finanças públicas encontram-se, permanentemente, num estado quântico regido, apenas, pelo princípio da incerteza - basta olharmos para o último exemplo: O desvio na Madeira passou de 277 milhões de euros para 500 milhões no espaço de poucos dias.), para quê prometer uma coisa que, à partida, poderia não ser possível cumprir? A resposta parece-me óbvia demais, pelo que dispenso-me de mais comentários...
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