sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Crónica de uma morte anunciada


Apesar de a coligação estar em minoria no Parlamento, Cavaco Silva convidou Passos Coelho para formar governo, argumentando que a solução alternativa de esquerda, que não lhe apresentou garantias nenhumas de estabilidade, coerência ou consistência, seria, a todos os títulos, muito mais gravosa para o país. Caso António Costa consiga fazer acordos com o BE e com o PCP, as cenas do próximo capítulo são fáceis de adivinhar. No dia em que Passos Coelho e o seu governo se apresentarem na Assembleia da República (AR), o governo cai. Como a AR não pode ser dissolvida antes do próximo dia 4 de Abril, não restará outra alternativa a Cavaco senão convidar António Costa a formar governo (isto digo eu, porque, das palavras de Cavaco, não resulta claro que seja esse o seu pensamento). Um conselho aos ministros de Passos Coelho. Não se despeçam, metam 15 dias de férias, pois o risco de integrarem o governo mais curto da história da democracia portuguesa é muito elevado. Para terminar, António Costa tem mais alguns dias para meter o Rossio na Betesga. Como o acordo com o BE parece estar fechado, restam as reticências do PCP, o qual, a partir de agora, fica pressiondo para se entender com o PS e o BE. António Costa já disse para não contarem com o PS para derrubar um governo de direita sem que esteja construída uma alternativa maioritária de esquerda. Como o PCP, não quererá ficar com o ónus de ter viabilizado um governo de direita (por não se ter entendido à esquerda), não lhe restará alternativa senão entender-se com o PS. Agora sim, para terminar, o apelo de Cavaco à consciência dos deputados (leia-se, rebelião da bancada parlamentar do PS) é ridículo, hipócrita e soa completamente a falso. Quando ele era presidente do PSD e primeiro-ministro de Portugal, os deputados laranja assinavam uma renúncia ao mandato aquando da elaboração das listas para o caso de começarem a pensar pela própria cabeça!

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