terça-feira, 29 de abril de 2014

Vasco Graça Moura (1942-2014)


Morreu o (último?) grande defensor da língua portuguesa, lutador incansável contra a manta de retalhos a que, pomposamente, se deu o nome de Acordo Ortográfico de 1990. São tantas as excepções e as facultatividades, que " (...) é previsível que surjam divergências ortográficas dentro da mesma variante da língua no mesmo país". Apenas um breve exemplo saído da sua pena. "No tocante à corrupção e aspectos conexos, perfilha-se a concepção de que somente após recepção de mais elementos informativos de facto e de direito se poderá adoptar medidas com carácter permanente neste sector". Nos termos das novas regras, há erros ortográficos na frase anterior? Não, pela simples razão de que as palavras "corrupção", "aspecto", "concepção", "recepção", "facto", "carácter" e "sector" contam-se entre aquelas cuja grafia, com c ou p, é facultativa nos termos do Acordo. Desta promiscuidade, retira-se, apenas, um "benefício": Acabaram os erros ortográficos!

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