sábado, 26 de abril de 2014

Recado(s)


Num registo muito diferente do de 2013, Cavaco Silva, no discurso proferido na Assembleia da República, deixou alguns recados à classe política em geral e ao governo em particular. No que toca à classe política, Cavaco considera que em vez da análise e estudo das questões essenciais "se privilegia o insulto e a difamação, o imediatismo e a superficialidade", aspectos que, na sua opinião, só concorrem para o crescente afastamento dos cidadãos da actividade política. "É tempo de abandonarmos a política de vistas curtas, ditada pelo tacticismo e pelos interesses de ocasião", sublinhou o Presidente. No que toca ao governo, o Presidente afirmou: "Diversos sinais apontam para um aumento das assimetrias que podem pôr em causa a coesão do país, como as desigualdades na distribuição do rendimento, as situações de pobreza, a desertificação de vastas parcelas do interior ou as acentuadas disparidades entre o litoral e o interior". No que toca à reforma do Estado, Cavaco considera urgente a sua implementação, mas em moldes completamente diferentes do que tem sido a política do governo. Nas suas palavras, "reformar a Administração não significa fragilizá-la num dos seus aspectos essenciais, a qualidade dos recursos humanos. Pelo contrário, só através de um reforço da qualificação dos trabalhadores do Estado e da justa recompensa do mérito conseguiremos prestigiar o exercício de funções públicas e garantir que a Administração actue de forma eficiente, imparcial e independente, livre da pressão dos interesses privados ou do clientelismo político". Em síntese, na sua opinião, os desafios que hoje o país enfrenta estão muito para além da dimensão estritamente orçamental.

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